Capítulo I
A Associação Esportiva Bambuiense (AEB) foi a segunda equipe de
destaque a ser criada. No dia 17 de abril de 1939 um grupo de jovens
entusiasmados com a prática esportiva se reuniu com o objetivo de criar um time
de futebol, mais que isso, uma associação esportiva. Transcrevemos em parte a
Ata da reunião de fundação do clube: “Consideram-se
fundadores da A.E.B. todos aqueles que reunindo devotamento ao esforço e à
pertinácia, formaram o clube e o conduziram a dias de vida gloriosa e impoluta,
dentre eles: Francisco Santos, primeiro presidente. Antônio Montijo, Miguel
Azzi, Hermógenes Torres, Juarez de Castro-Todos componentes da primeira
diretoria da Associação. Além destes sócios, inúmeros outros, jogadores ou
contribuintes exclusivos, cuja nota não se pode tomar, e que igualmente
contribuíram pelo alevantamento e êxito da A.E.B.”. Dentre os vários
fundadores foram escolhidos os cinco que comporiam a primeira diretoria:
Francisco Santos (Presidente); José Elias Lasmar (Vice Presidente); Wilson Lima
(1º Secretário); Samuel Guimarães (2º Secretário) e Paulo Pinto (Tesoureiro).
As primeiras
partidas da AEB foram realizadas no “Campinho Vermelho” até pelo menos o ano de
1945 quando o prefeito Sinfrônio Torres construiu o Estádio Municipal. Os
primeiros jogadores que vestiram a camisa da recém criada associação foram:
Geraldo Mendes, Pedro Teixeira, Ivan Azzi, José Montijo (Zuzú), Geraldo Campos,
Dico Matos, Geraldo Palhares, Antônio Vieira (Frango), Didico Lopes, Geraldo
Coimbra, Agnelo, Juca Nunes, Nenê do Bastião, Juvêncio, Celino, Tinto, Juquinha
Campos, Jerônimo e vários outros. A primeira partida foi realizada em Dores do
Indaiá contra o Dorense F.Clube e a AEB foi derrotada por 3 a 2.
A AEB tomaria
seu primeiro impulso com a diretoria eleita em fins de 1947, composta pelos
senhores Hugo Venturine, Newton Teixeira, João Bahia Guimarães, Omar Chaves,
José Maria Mourão e aquele que viria se tornar o maior presidente da AEB de
todos os tempos, responsável pelos grandes momentos do clube, o Sr. Elias Saade.
Em 24 de junho de 1958 a
câmara municipal aprovou a Lei que autorizava a doação do terreno do estádio a
Associação Esportiva Bambuiense. A Lei foi sancionada pelo prefeito José Augusto
Chaves e seu artigo 1º tinha a seguinte redação: “Fica a Prefeitura Municipal de Bambuí autorizada a dar escritura
pública a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA BAMBUIENSE de um terreno situado entre as ruas
Benedito Valadares e Afonso Pena, com a área de 8380,00 m² , mais ou
menos, no valor, para efeitos fiscais de CR$ 2800,00” . Mas o terreno já havia sido doado pela prefeitura
desde o dia 05 de maio de 1955. Em homenagem ao construtor do estádio esse
recebeu o nome de Estádio Sinfrônio Torres.
Um dos maiores
presidentes da AEB de todos os tempos foi o Sr. Elias Saade. Foi quem esteve
mais vezes e mais tempo dirigindo o clube. Coube a esse dinâmico e arrojado
desportista as obras básicas de construção do estádio: murou todo o terreno,
construiu alambrados, arquibancadas, vestiário e gramou o campo. Construiu,
também, uma quadra poliesportiva para vôlei e basquete. Coube a ele a
profissionalização do departamento de futebol em 1967 e a formação de uma das
maiores equipes da AEB em todos os tempos. Neste ano a equipe disputou com
brilhantismo o Campeonato Mineiro da primeira divisão (equivalente hoje a
segunda divisão). Vários jogadores de fora foram contratados. Merecem destaque
os jogadores: Amadeu, Maia, Pezão, Cará, Cecílio, Cabrita, Tim, Olavo. A esses
jogadores juntaram-se os valorosos atletas locais os quais destacamos: Bolão,
Jaci, Edílson, Popó, Zé Morgado, Luiz Morgado, Massinha, Agnelo e vários
outros. Elias Saade dirigiu o clube por cinco vezes. Uma dessas gestões durou
um decênio e recebeu contestação de alguns sócios do clube inconformados com
algumas manobras por ele engendradas que o permitia perpetuar-se no cargo. Entre
esses sócios figuravam alguns que haviam participado da fundação do clube.
Para externar
o inconformismo esses sócios fizeram uma circular extenso “Manifesto ao Esporte
Bambuiense” em Agosto de 1954 onde expunham os motivos de suas insatisfações: “Membros da Associação Esportiva Bambuiense,
alguns até sócios fundadores, interrompemos, deliberadamente, desde 25 de junho
deste ano (1954), toda e qualquer
atuação social, e devemos ao POVO DE BAMBUÍ, em cuja vida a AEB ocupa lugar de
carinhoso relevo, a exposição das causas da nossa atitude: é ilegal a
permanência do snr. Elias Saade na direção da entidade, impondo-se-nos, como
ponto de honra, a recusa de reconhecimento de qualquer autoridade sua já que o
temos apenas como presidente de fato,
não de direito. Não visamos a pessoa do snr. Elias Saade, nem pretendemos
denegrir a sua obra laboriosa e cheia de entusiástico vigor...Nenhum de nós
deseja resulte das nossas palavras qualquer detrimento a sua pessoa, por tantos
títulos estimável. Proclamamos que fez muito pela AEB, à qual deu momentos de
verdadeiro brilho. Não duvidamos da sua honestidade, inclusive como gestor da
economia social. Nem mesmo estranharíamos se Elias Saade viesse a ser reposto,
por muito tempo, ano após ano, pela livre vontade da maioria dos sócios, na
presidência em que tão bem se sente...Nem vê, na sua paixão, que, por aí, não
conseguirá mais que aumentar o esbulho que os sócios vem sofrendo e acabará
quebrando irremediavelmente a bela paz que iluminou os inícios da associação –
verdadeira ilha de compreensão nas águas tumultuosas da apaixonada política
bambuiense...estranho soldado da democracia – o nosso herói de Monte Castelo!”.
Assinam o manifesto vinte e quatro sócios, entre eles: Francisco Santos, João
Bahia Guimarães, José Oswaldo de Oliveira Leite e Fábio Nogueira Santos.
Capítulo II
Durante as gestões do Sr.
Elias Saade o torcedor bambuiense pôde conhecer grandes equipes profissionais
do Rio de Janeiro e outros estados. A AEB enfrentou o Flamengo, Vasco, Canto do
Rio e São Cristóvão e mais recentemente, em outra gestão o Sobradinho de
Brasília. Sem contar as equipes de Minas que aqui jogaram como os Mistos de
Atlético e Cruzeiro. A todos a equipe local enfrentou jogando de igual pra
igual, como veremos mais a frente. Coube ao Sr. Elias a criação do primeiro
programa esportivo. As notícias da AEB, escalação e convocação de jogadores,
comentários sobre as partidas, eram transmitidas através do serviço de
alto-falantes “Cacique” que tinha como jargão “A voz amiga de Bambuí”. Toda
essa programação fazia parte da resenha “Esporte no Apito”. Os Alto-falantes
eram instalados, primeiramente sobre o clube social e depois sobre o Centro
Operário Bambuiense e todos os desportistas acompanhavam a programação e a
divulgação das atividades esportivas através desse serviço.
Em 22 de maio
de 1951, a
AEB organizou festividades de comemoração do 70º aniversário de emancipação
política da cidade. Comemorou-se o dia que o arraial foi elevado à condição de
vila: 22 de setembro de 1881. Foi a primeira vez que o aniversário de Bambuí
foi comemorado. Na verdade as festividades foram realizadas durante uma semana.
Além de partidas de futebol entre AEB e Naja de Araxá, Juvenil da AEB e Juvenil
do Ferroviário de Divinópolis, houve desfile da fanfarra do Colégio Antero
Torres, da Escola José Alzamora, baile no Clube Social de Bambuí e nos salões
da Escola José Alzamora. Não faltaram discursos, hasteamento de bandeiras e
missa campal celebrada pelo monsenhor José Apparecida.
Depois do Sr.
Elias Saade os presidentes que realizaram obras importantes no estádio da AEB
foram: Antonino José Martins que cobriu as duas principais arquibancadas e
Lindiomar José da Silva. Este conseguiu com o apoio do deputado José Ferraz, a
iluminação do estádio e da quadra poliesportiva, sonho antigo de todos os
desportistas bambuienses. Os refletores foram inaugurados em 29 de maio de 1986
com a realização da partida entre AEB x Clube Atlético Mineiro. No dia da
inauguração o presidente da AEB relembrou em seu discurso o saudoso Elias Saade:
“A nossa AEB vive hoje um dia, ou melhor,
uma noite de grande glória, de grande alegria! Depois de 47 anos de espera, eis
o sonho de todos os desportistas se concretizando, tornando-se real. Estivesse
fisicamente entre nós o inolvidável desportista ELIAS SAADE, (e cremos que, de
alguma maneira sutil, ele se encontra feliz entre nós) seu entusiasmo seria o
mesmo nosso, se não maior. E creio estar manifestando em nome da gratidão
eterna dos desportistas de Bambuí àquele que fez da gloriosa bandeira azul e branca,
sua própria bandeira!...”
Em fins de
1966 e início de 1967 a
AEB encaixou uma série extraordinária de partidas invictas. Venceu praticamente
todas as equipes de Divinópolis. Foram 13 vitórias e um empate. Marcou 50 gols
e sofreu apenas 8. Eis os jogos e resultados:
Destes
jogos, o empate em 1 a
1 com o Nacional foi realizado em Lagoa da Prata e a vitória de 2 a 1 sobre o Camposaltense foi
em Campos Altos. Os
demais jogos foram realizados no Estádio Sinfrônio Torres. O artilheiro desta
série foi o extraordinário Cecílio, com 14 gols, seguido pelo não menos
extraordinário Cará com 10.
Logo
após essa série, a AEB que perdera a invencibilidade jogando com o Sparta de
São Gotardo quando perdeu por 1
a 0 em
São Gotardo , a AEB descontou sobre o outro Sparta de Campo
Belo quando venceu por 5 a
2. Foi a primeira partida noturna da AEB. Nesta partida os gols foram de
Cecílio (2), Luiz Morgado (3). Os gols do Sparta foram marcados por Zé Morgado
que nesta época jogava pela equipe de Campo Belo. Sem dúvida um grande feito da
AEB.
A
principal conquista da AEB aconteceu em 27 de setembro de 1981. Presidia o
clube o Sr. José Vitalino Chaves. A AEB conquistou seu primeiro título de
âmbito regional. Em um campeonato promovido pela Liga Amadora Formiguense
envolvendo equipes da região. A AEB conquistou o direito de disputar o título
contra a temível equipe do Ypiranga de Arcos. No primeiro jogo em Bambuí houve
empate em 1 a
1. Motivo de comemoração da apaixonada torcida ypiranguista que acreditava que
em seus domínios, no seu estádio que mais parece um caldeirão, seria “fava
contada”. E o churrasco estava preparado. Mas a equipe da casa foi surpreendida
pela aguerrida equipe azul e branca de Bambuí que lhe arrebatou o título.
Deixemos
um cronista arcoense narrar a façanha da AEB. “No meio de toda essa solidão
(de títulos) e angustia, a solidão mordendo na angustia, e a angustia mordendo
na solidão. Sabe quem está dançando? O amor. O amor passional do povão.
Imagino-o, pequeno, se escondendo dessa guerra de morde-morde. Vendo um
fantasma. O fantasma das decisões.E você define bem a final. Todo mundo vem
morde, e leva o caneco. E dessa vez quem mordeu foi um garoto de dezessete
anos, com pernas tortas de nome Arlei. E quem nos segurou foi um beque valente,
de nome Jaci. Esse beque, místico por sinal, só jogava com a camisa de número
três. Para ele um número cabalístico. Mas voltando ao beque Jaci Claudina
Macedo, você, o Laert do Julião, e tantos outros leitores dessa coluna, que
assistiram no Estádio do Ypiranga a partida final, viram, depois do título
ganho pela AEB o beque Jaci, de joelhos, ir de um dos gols até o meio do campo,
pagando a promessa que fizera. Todos nós sabemos que Deus é tão Ypiranga quanto
AEB, mas essa promessa valeu como força positiva ”. O cronista definiu com
muita propriedade a grande façanha da AEB. Os campeões regionais da AEB foram
os seguintes: Baitola, Zé Mariinha, Jaci, Zé Cláudio e Tibeca, Paulo César,
Divino, Jaime, Batata, Roberto e Arlei (Butininha). O técnico foi Jadir de
Castro Camargos “Bolão”.
Capítulo III
As gestões do Sr. Elias Saade frente à AEB levaram o
clube azul e branco bambuiense à fama nacional através de sua profissionalização
na década de 60. Pode-se dizer que o Sr. Elias Saade foi o Getúlio Vargas com
espírito de Juscelino Kubitschek no futebol bambuiense, especialmente para a
AEB, isso porque queria se perpetuar no cargo, tamanha sua paixão por este
clube e ao mesmo tempo parecia querer avançar trinta anos em três, se assim
podemos dizer, pois a gestão se constituía em triênios. No caso de
JK é claro, o pensamento era 50 anos em cinco, pois este era o período de
gestão e para o Sr. Elias Saade a filosofia parecia ser a mesma. A AEB era a
sua segunda família, o que gerava até certo ciúme por parte de seus familiares
que viam ele fazer de tudo pelo futebol bambuiense, era uma paixão
incontrolável, era um amor incondicional. Considerado um homem a moda antiga,
não era de muita explicação ou muito papo, simplesmente fazia acontecer.
Dedicava-se ao seu trabalho e as suas obrigações para sustentar sua família com
dignidade e ficava pouco tempo em casa, pois seu “tempo livre” eram dedicados a
AEB.
Elias Saade e sua família Aebense:
Em relato de sua filha Elizete Saade ela conta como era essa paixão do Sr.
Elias Saade pelo time bambuiense: “O meu pai foi presidente da AEB durante
anos. Eu costumo dizer que ele não foi apenas presidente, porque nós, sua
família, testemunhamos a dedicação e o empenho dele em relação ao time, ao
estádio, aos jogadores”. Pode-se dizer que a pedra fundamental para o sucesso
da AEB foi colocada por Elias Saade, que através de sua influência social e
política, apoiado pelos desportistas da época conseguiu a doação de um terreno
para começar a estruturação do clube. Naquela época, até meados dos anos 55
eram realizados rodeios, festas do peão, eventos culturais, apresentações
musicais e exposições agropecuárias no terreno onde hoje se localiza o Estádio
da AEB. Era um terreno vago de posse da Prefeitura Municipal de Bambuí, sem
muita estrutura para o público ou sequer para uma possível prática esportiva.
Era um verdadeiro “lotão vago” no Centro de Bambuí. Deste terreno também saíram
alguns causos sobre Tatus do centro de Bambuí que mais tarde viria a motivar a
escolha do Tatu-Canastra como mascote oficial da AEB.
Certidão de Doação do Terreno: A certidão original de entrega do
terreno para a Associação Esportiva Bambuiense pelo prefeito municipal José
Augusto Chaves foi datada em 29 de Outubro de 1957, na qual consta redigido o
seguinte texto: “Certifico que, do
requerimento protocolado sob o número 124, em 5 de maio de1955, consta do mesmo
o despacho do senhor Prefeito de CESSÃO de um terreno a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA
BAMBUIENSE, representada pelo seu presidente senhor Elias Saade. Terreno este
situado entre as Ruas Benedito Valadares e rua Afonso Pena, com área de 8380,00 m² mais ou
menos; confrontando terrenos de Wilson de Oliveira, Córrego das Almas e com as
ruas acima mencionadas e Terrenos do Fórum local; valor de CR$ 2800,00. O
referido é verdade. Eu, Antônio Montijo, Secretário da Prefeitura, lavrei a
presente certidão que assino.” Esta certidão foi registrada em cartório
dois dias após ser emitida e assinada, no dia 31 de outubro de 1957.
Capítulo IV
No ano de 1947, graças a contribuição de sócios,
desportistas do município e empresários da época amantes do futebol, a AEB foi
registrada em Cartório tornando-se pessoa jurídica. Dez anos depois, no ano de
1957, conforme relatamos na edição passada receberia a doação de um dos
terrenos mais valiosos e importantes no centro de Bambuí para a construção de
sua sede. Após este marco histórico, o senhor Elias Saade voltou todos os seus
esforços em prol da estruturação do clube e relatou esse histórico com suas
palavras em manuscrito, no qual foi redigido: “No momento (a AEB) está
empenhada na campanha, desde já vitoriosa, da construção das arquibancadas em
seu estádio. É, a Associação Esportiva Bambuiense, é um dos grandes e
principais motivos de orgulho da gente de Bambuí. O seu padrão de vida, moldado
no mais puro e irrestrito amadorismo, no respeito e lealdade para com os
adversários, tem lhe proporcionado um grande cartel de vitórias sociais e
esportivas. Mantém, sempre, os seus departamentos – amador, juvenil e infantil
– em franca atividade esportiva. Possui em seu estádio, vestiários e
dormitórios para quadros visitantes; uma belíssima quadra de voleibol e
basquetebol, pavimentada com cimento e iluminada para jogos noturnos; seu campo
de basquetebol, bem como o de futebol, são dotados de alambrados, oferecendo
não só, certa garantia aos jogadores, como, também, mais conforto aos
assistentes”.
A Filosofia de trabalho e o reconhecimento da AEB: Naquela época,
ele enxergava a AEB como um time amador que estava sendo engrandecido aos
poucos, na humildade do seu trabalho e que apesar de tudo carregava a filosofia
de “Respeito e Lealdade” consigo e com os jogadores. Quem quer que trabalhasse
com ele ou se dispusesse a fazer algo pela AEB teria que atender a estes dois
princípios, mais a AEB não ficou só no amadorismo, os frutos de seu grandioso
trabalho seriam colhidos mais tarde na década de 60 quando a AEB chegou ao
profissionalismo do futebol. O sonho de que a AEB fosse um tradicional time
amador reconhecido por toda Minas Gerais foi alcançado e ultrapassou estes
limites chegando ao profissionalismo.
Capítulo V
Um
profissional atleticano no elenco bambuiense: Na década de 50 a Associação Esportiva Bambuiense (AEB)
montou um dos melhores times da sua história, time até hoje relembrado pelos
saudosistas contadores de “causos” das pracinhas de Bambuí. Um fato
interessante deste timaço era a presença de um jogador profissional de destaque
integrante da equipe. O centro avante Walter José Pereira (Vavá) era jogador do
Atlético Mineiro, natural de Sacramento-MG, ele sempre era convidado pelo seu
amigo Manoel Alvarez (Manezinho) para reforçar a equipe da AEB em jogos
importantes. Nesta época Manezinho e Vavá estudavam juntos em Belo Horizonte.
Pouco tempo depois, de volta ao Atlético
Mineiro, Vavá participou da excursão que renderia ao time alvinegro uma das
suas grandes conquistas, exaltada até hoje no seu hino. O Galo realizou em 1950
uma excursão inédita pela Europa, coisa que naquela época ainda não era
realizada pelos clubes de futebol. Nesta excursão foram disputados entre os
dias 2 de novembro e 7 de dezembro daquele ano, dez partidas contra equipes da
Alemanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo e França.
O Atlético-MG conquistou seis vitórias, dois empates e apenas duas derrotas, recebendo o título de “Campeão do Gelo”, estando Vavá presente nestes jogos. O nome de campeão do gelo foi dado pelo fato deste time ter realizado uma campanha vitoriosa nos frios gramados do Velho Continente, estando alguns até mesmo cobertos de neve. Integraram esta equipe os goleiros Mãos de Onça e Kafunga, que mais tarde viria a Bambuí conhecer os gramados da AEB; os defensores Juca, Márcio Pirulit, Afonso, Moreno, Oswaldo e Vicente Peres; os meias Barbatana, Haroldo, Lauro e Zé do Monte; no ataque figurava Alvinho, Vavá, Lucas, Murilinho, Nívio, Vaguinho e Zezinho. O Técnico desta equipe precursora foi Ricardo Diez. O atacante Vavá jogou 118 partidas pelo Atlético-MG e marcou 58 gols. Antes de passar pelo Galo e disputar algumas partidas pela AEB foi jogador do Formiga E.C., do município de Formiga-MG e do Naja de Araxá-MG.
O Atlético-MG conquistou seis vitórias, dois empates e apenas duas derrotas, recebendo o título de “Campeão do Gelo”, estando Vavá presente nestes jogos. O nome de campeão do gelo foi dado pelo fato deste time ter realizado uma campanha vitoriosa nos frios gramados do Velho Continente, estando alguns até mesmo cobertos de neve. Integraram esta equipe os goleiros Mãos de Onça e Kafunga, que mais tarde viria a Bambuí conhecer os gramados da AEB; os defensores Juca, Márcio Pirulit, Afonso, Moreno, Oswaldo e Vicente Peres; os meias Barbatana, Haroldo, Lauro e Zé do Monte; no ataque figurava Alvinho, Vavá, Lucas, Murilinho, Nívio, Vaguinho e Zezinho. O Técnico desta equipe precursora foi Ricardo Diez. O atacante Vavá jogou 118 partidas pelo Atlético-MG e marcou 58 gols. Antes de passar pelo Galo e disputar algumas partidas pela AEB foi jogador do Formiga E.C., do município de Formiga-MG e do Naja de Araxá-MG.
Capítulo VI
Nos anos 50, quando aconteceu a Copa do Mundo no Brasil,
a qual também teve sua transmissão pela TV, que naquela época só os “ricos”
possuíam, ampliou ainda mais a paixão do brasileiro pelo futebol e no interior
do país esta paixão tomou conta das cidades. Não eram raros os jogos amadores
entre equipes de cidades vizinhas. Cada cidade tinha seu time amador, às vezes
vários times amadores e nesta época as excursões de final de semana eram a
diversão dos jovens. A maior alegria dos jovens era vestir a camisa de seu time
e viajar para outras cidades a fim de jogar uma bela partida representando o
seu município. Para as cidades que sediavam estes jogos também era uma festa
para a população. Nas administrações do Sr. Elias Saade, não foram poupados
esforços para que as atividades esportivas da AEB fossem mantidas, o time
bambuiense chegou a jogar em inúmeras cidades do centro-oeste e sul de Minas
Gerais.
As pedras no caminho foram puladas: Naquela época as coisas eram
muito mais difíceis do que nos dias de hoje: era difícil conseguir uma condução
para os jogadores, era difícil conseguir uniformes e chuteiras para os jovens
que tanto queriam representar Bambuí, não havia patrocinadores ou pessoas
interessadas em investir no esporte, muito menos em futebol amador, não havia
leis de incentivo ao esporte e verbas municipais como existem hoje, as estradas
de terra batida e os campos então? Apesar das dificuldades a AEB sempre
realizava suas excursões tendo passado desde campos de várzea com gols de bambu
até estádios glamurosos.
Dedicação a AEB: Elizete
Saade, filha do grande mestre relatou ao Canastra Esporte Clube que a família
sempre o acompanhava nas viagens com o time nos jogos disputados pela região e
para ajudar nas despesas do time e na manutenção do clube o Sr.Elias Saade
colocava suas filhas para vender rifas durante os jogos. Elizete também relatou
um dos maiores exemplos, que mostra o tamanho de sua dedicação dizendo: “Ele
sempre estava colaborando, de alguma forma, com os jogadores, especialmente
aqueles que não tinham muitos recursos próprios. Lembro-me de vir a BH, junto
com meu pai, para trazer a mãe de um jogador (provavelmente devido a questões
de saúde). Bambuí não contava com muitos recursos, os tempos eram outros, e o
meu pai sempre se dispunha a "quebrar os galhos". Ele abraçava
qualquer dificuldade que houvesse - repito: do futebol, do time, dos jogadores,
do estádio.”
Um jovem que deixou saudades: Um fato marcante durante a jornada de
Elias Saade frente a AEB que ficou marcado na história do clube foi o fatídico
falecimento do jovem popularmente conhecido como Nenê da Nina, causado por afogamento.
Era um grande jogador que passou pelos gramados da AEB, seu falecimento foi um
choque para toda a população bambuiense e comoveu o presidente da AEB de
tamanha forma que ficou registrado como se fosse hoje este momento na lembrança
de sua filha: “O que me marcou foi a atitude do meu pai: eu achei que ele iria
morrer junto, tamanha a sua comoção. Mesmo assim, ele tomou todas as
iniciativas, chamou corpo de bombeiros não sei de onde, imagino que o desejo
era salvar o Nenê a qualquer custo, ressuscitá-lo se necessário fosse.” – disse
Elizete Saade.
Campeonato Municipal de Clubes na AEB: Na década de 60, existia o
Campeonato Municipal de Clubes que era disputado nos moldes de um campeonato
mineiro, com primeira e segunda divisão, nesta época a AEB patrocinou a segunda
divisão deste torneio cedendo o Estádio para os jogos. Participavam deste
torneio o Combinado do Dr. Jandir (Mais tarde viria a se transformar no
grandioso Zíngaro Atlético Clube), Associação Esportiva Internacional, Liga
Esportiva Ginásio Antero Tôrres, Cruzeiro Futebol Clube, Primavera Futebol
Clube, Combinado Marta Rocha e Combinado Geraldo Bernardes de Faria. Nesta
época, juntamente com o Sr. Elias Saade figuravam na diretoria da Gil Tôrres
como Vice-presidente, Hênner Tôrres como primeiro Secretário, José Salomão
Farah como segundo secretário, Jurandir Lima e Maria Geralda Gianecchini como
primeiro e segundo tesoureiros, respectivamente.
Capítulo VII
Jogos com times do Rio de
Janeiro: Algumas equipes do Estado do Rio de Janeiro passaram pelo
município de Bambuí no final dos anos 50 e início dos anos 60, e pode-se dizer
que os jovens medalhões da AEB corresponderam em campo como time grande perante
estes adversários. Jogando sempre de forma acirrada com todos, ainda mais
dentro de casa, no Estádio Sinfrônio Tôrres, que sempre ficava lotado pela
torcida. No dia 17 de maio de 1959
a AEB enfrentou a equipe conhecida como Canto do Rio, em
um jogo amistoso e teve seu primeiro triunfo contra times de outros estados,
vencendo a partida por 1 a
0 com um golaço de Chinelo, jogador muito querido pela torcida daquela época,
que tinha vindo do Formiga E.C. para jogar na AEB. Os jogadores que atuaram
nesta partida pelo time da AEB foram: Leomagno, Rui, Múcio, Davi, Faria,
Arnaldo, Kleber, Nivaldo, Miraúna, Padre Mario, Ivar, Chinelo e Bocage (goleiro
reserva). Esta equipe que jogou a partida amistosa contra a AEB havia
conquistado o Torneio Início do Campeonato Municipal de Niterói em 1958.
AEB x Vasco da Gama: A partir deste
jogo com o Vasco da Gama a AEB viria a se tornar um importante clube,
reconhecido nacionalmente em função das notícias de seus jogos amistosos com
clubes profissionais do futebol brasileiro, sendo estas partidas noticiadas por
todo o Brasil. Esta primeira partida entre AEB e Vasco da Gama foi relatada
pelo Jornal Tribuna do Oeste, que redigiu a seguinte reportagem: “Quarta-feira, dia 8 (de junho de 1960), realizou-se em Bambuí o encontro do Vasco
da Gama, do Rio de Janeiro, com a AEB, tradicional entidade esportiva local.
Saiu vitorioso o Vasco, pela contagem de 4x1. A renda ultrapassou à casa dos
noventa mil cruzeiros. Quase duas mil pessoas presenciaram o jogo, que marcou,
na vida esportiva da cidade, um acontecimento dos mais tratos. A presença em
Bambuí de um dos mais famosos clubes do país deu oportunidade de conhecer de
perto, alguns dos maiores astros do futebol nacional”.
O Clube de
Regatas Vasco da Gama, nos anos de 1956 a 1960 montou um time incrível, admirado
por todo o país. Este time, que o público bambuiense pode conhecer havia conquistado
o Campeonato Carioca de 1956, 4 torneios internacionais em 1957 (Chile, Peru,
França e Espanha) e foi campeão do Torneio Início-RJ, Torneio Rio-São Paulo e
Campeonato Carioca no ano de 1958, recebendo também o título de Super-Super
Campeão Carioca neste ano, isso porque naquela edição do campeonato três times
terminaram a competição com o mesmo número de pontos. Para decidir o título foi
necessário realizar dois triangulares extras entre Vasco, Flamengo e Botafogo. Estes
triangulares receberam os nomes de supercampeonato e super-supercampeonato,
respectivamente. No dia 10 de janeiro o
Vasco venceu o Botafogo por 2 a
1 e, com o empate entre Flamengo e Botafogo, o time cruzmaltino chegou a rodada
final precisando apenas de um empate contra o rival rubro-negro. O Vasco da
Gama empatou em 1 a
1 com o Flamengo, resultado que foi suficiente para se tornar o Super-Super
Campeão de 1958.
Na partida contra a AEB o Vasco jogou com: Miguel, Nivaldo,
Viana, Laerte, Orlando Peçanha, Joel, Itajubá, Teotônio, Cunha, Valdemar e
Roberto Peniche. A AEB jogou com: Bocage, Múcio, Zé Faria, Arnaldo, Davi, Rui
Izaias, Nenê da Nina, Miraúna, Tarcísio, Cléber e Niraldo. Pouco mais de um ano
depois, no dia 21 de junho de 1961
a AEB novamente recebeu a equipe do Vasco da Gama no
Estádio Sinfrônio Tôrres. Desta vez a equipe azul e branca de Bambuí fez um
grande jogo, evitando uma nova goleada, entretanto, não puderam parar o ataque
dos Super-Campeões Cariocas. A AEB perdeu a partida por 2 a 0, tendo como destaques
Múcio e Faria em campo. A
AEB jogou com Rubens “Surubi”, Múcio, Romeu, Rui, Nivaldo,
Faria, Morgado, Tarcísio (depois Nélio), Dé, Niraldo (depois Arnaldo), Antero
(depois Miraúna). O grande time do Vasco da Gama atuou com Miguel, Nivaldo,
Viana, Laerte, Orlando Peçanha, Joel, Itajubá, Maranhão, Teotônio, Cunha,
Valdemar e Roberto Peniche. Segundo relatos da época a renda foi C$ 79.269,00.
Capítulo VIII
Em 10 de junho de 1961 a AEB recebeu o São
Cristóvão Futebol e Regatas do Rio de Janeiro. A equipe carioca venceu por 5 a 2. Os gols da AEB foram
marcados por Dé e Anterinho. A AEB enfrentou o São Cristóvão jogando com:
Rubens “Surubi”, Romeu, Dirceu (Roberto), Rui, Nivaldo, Faria, Morgado, Dé
(Nélio), Anterinho, Cléber (Arnaldo), Miraúna (Assis “Fusa”). Segundo anotações
do Sr. Elias Saade, os melhores em campo foram: Anterinho, Rui e Morgado. Nesta
partida uma particularidade, quatro jogadores da AEB eram irmãos: Rubens,
Romeu, Roberto e Rui os filhos do “Cumpadre”. Todos jogavam muita bola.
No dia
seguinte (domingo) as duas equipes se enfrentaram novamente. Desta feita a AEB
levou a melhor e venceu por 2 a
1. Os gols foram de Dé e Tarcísio. A AEB jogou com: Rubens “Surubi”, Múcio
(Faria), Romeu, Rui, Nivaldo (Arnaldo), Faria?, (Nivaldo?), Morgado, Dé,
Tarcísio (Anterinho ?) Niraldo, Miraúna?. Para esta partida, o orgulhoso Elias
Saade anotou em sua cadernetinha: “Não há
nomes a destacar: Todos com esplendida atuação”. O goleiro “Surubi” era uma
atração a parte e levantava a torcida, sempre gostava de enfeitar suas defesas
fazendo-as parecerem mais difíceis que realmente eram. Seu porte físico, magro
e alto, lhe proporcionava essa plástica nos lances.
Troféu Metrobaminas: Em 1962, a AEB foi para a
Capital Mineira e conquistou por lá a maior vitória de toda a sua história. A
maior goleada que a AEB impôs a um adversário aconteceu em 29 de julho de 1962.
O adversário o Metrobaminas de Belo Horizonte. O Placar foi de 14 a 2 a favor da AEB. Nessa partida
o time da casa jogou com: Coquetel, Múcio, João José, Camilo, Rui, Edílson
(Nivaldo), Miraúna, Elcio Azzi, Maurício, Dé (Assis) e Luiz. A partida rendeu
um troféu ao time azul e branco que se encontra na galeria da sua sede, é um
dos troféus mais antigos do clube.
AEB x Flamengo: No dia 6 de outubro
de 1963 a
AEB realizou um amistoso contra outro grande clube brasileiro. O Flamengo, time
profissional do Rio de Janeiro havia conquistado o Torneio Quadrangular da
Tunísia em 1962 e o Campeonato Carioca de 1963. A equipe do Rio
contava com vários de seus principais valores, inclusive o lendário João
Batista Sales (Fio Maravilha), autor de um dos gols. A equipe do Flamengo
venceu por 2 a
1. O Gol da AEB foi marcado por Tarcísio. A AEB jogou com: Bolão (Coquetel),
Edjar “Boi de Toca”, Roberto Izaias, Antonio Camilo, Hilton Rogério “Popó”,
Arnaldo, Edílson, Maurício, Morgado, Tarcísio (Agnelo) e Luiz Morgado. “Fio
Maravilha” entrou no segundo tempo para fazer o gol da vitória. Chutou de
“bico” uma bola venenosa que o goleiro Bolão não conseguiu segurar.
AEB x Guarani de Divinópilis: No
final do ano de 1963, no dia 18 de dezembro aconteceu mais um grande jogo da
equipe bambuiense contra o Guarani de Divinópolis, time profissional, que
naquela época disputava o Campeonato Mineiro da primeira divisão. Havia sido
vice-campeão mineiro em 1961, ocasião da qual o campeonato foi disputado por pontos
corridos e teve o Cruzeiro E.C. de Belo Horizonte como o campeão. A AEB venceu
a partida por 4 a
1, com dois gols de Cecílio e dois de Cará. Uma bela partida, que apesar da
goleada fora muito disputada, mais neste dia os ventos sopravam a favor da equipe
celeste bambuiense que fez a festa com sua torcida e encerrou as atividades
daquele ano em grande estilo. Nesta partida a AEB foi escalada com: Bolão,
Jaci, Cabrita, Popó, Amadeu, Cará, Maia, Morgado, Cecílio, Luiz e Tim. No ano
seguinte, o time do Guarani de Divinópolis que outrora saíra derrotado de
Bambuí foi campeão do Torneio Início do Campeonato Mineiro nos pênaltis, sobre
o Atlético-MG após ficar no empate por 0 a 0 no tempo regulamentar.
Capítulo IX
Crônica de 1947: Neste ano, o
time da AEB foi disputar uma partida em Araxá-MG contra o Ipiranga. A equipe
bambuiense deu um verdadeiro espetáculo nos gramados da terra da Dona Beija e
venceu a equipe da casa por 3 a
1. Empolgado com a atuação do time, o Sr. Geraldo Coimbra da Silva redigiu uma
paródia sobre este jogo que merece ser reproduzida na íntegra, tamanha sua
empolgação e criatividade: “No dia 20 de
julho, na cidade de Araxá, o time de Bambuí com o Ipiranga foi
jogar...Diretores do Ipiranga não foram nos esperar. Entrou a AEB no estádio,
vejam só o que aconteceu: um quadro envenenado no campo apareceu. Era o tal
Ipiranga que no Bambuí mordeu! Com a dentada do Ipiranga, Bambuí nem se mexeu.
Com os 3 a
1 no placarde, o Ipiranga enlouqueceu, de ver o samba rasgado que o Bambuí lhe
deu!O Chaves pegou a bola, deu ao Perez de primeira. Ele tapeou o Tilim, e
também toda a bequeira. Deu um passe ao careca que recebeu na carreira...Careca
pegou o coro e correu muito ligeiro, marcando o 3º golo, com Bita que era
frangueiro. E a marota ficou danado...chorou o dia inteiro! Diretores do
Ipiranga, torcedores não regula, assistência endiabrada, a tela de arame pula.
Cidadão Chico Peneli de vermelho fica fula.Perigosa assistência no campo
apareceu. Gritando vamos ganhar, pois Araxá nunca bateu. Este Bambuí é duro, em
Araxá sempre venceu! O Zuzú encapetado cantou versos pra gran-fina, dizendo vou
enfrentar o campeão da disciplina...E o jogo não terminou, virou uma carnificina.
”. Este texto foi redigido baseado na música “Mula Preta” e publicada no
dia 27 de julho de 1947 em um jornalzinho local.
Treinador Espanhol na AEB: Um dos mais
importantes e renomados treinadores que dirigiu a AEB foi o espanhol “Dom”
Miguel Trinchant. Veio para o Brasil em 1950 com a seleção de seu país, da qual
era preparador físico. Por aqui ele ficou, entre outros motivos, para livrar-se
dos rigores da ditadura do generalíssimo Franco (Francisco Franco Bahamonde).
Antes de vir para Bambuí, treinou algumas equipes do interior de Minas,
inclusive em Ponte Nova ,
onde foi responsável pelo lançamento do craque Reinaldo do Atlético Mineiro. Em
Bambuí, nas duas vezes em que esteve dirigindo a AEB levou o time a memoráveis
vitórias, disputando a Primeira Divisão Profissional. Quando estava aborrecido,
proferia seu famoso jargão: “Que lo pario”. Após sua brilhante passagem pela
AEB, transferiu-se para Araxá onde treinou o Araxá Esporte. Miguel Trinchant
prezava o futebol arte. As equipes por ele treinadas jogavam com inteligência e
eficiência. Tempos depois, agora com a AEB novamente na condição de clube
amador, “Dom” Miguel retornou a Bambuí e novamente dirigiu a equipe, por pouco
tempo.
Atlético Mineiro Júnior em Bambuí: A
primeira vez que Bambuí recebeu uma grande equipe mineira foi no ano de 1963.
No dia 15 de agosto, a AEB venceu o time júnior do Atlético-MG por 2 a 1. Os jogadores bambuienses
que atuaram nesta partida foram: Bolão, Edjar, Roberto, Rui, Hilton, Edílson
(Arnaldo), Tarcísio, Zé Morgado, Maurício, Nenê (Dé), Luiz Morgado. Os dois
gols da AEB foram marcados por Maurício.
AEB profissional: No ano de 1966, na gestão
do Sr. Elias Saade, a AEB tornou regular toda a sua documentação perante a
Federação Mineira de Futebol (FMF) e a Confederação Brasileira de Desportos
(CBD), atual CBF, para se tornar uma agremiação do futebol profissional. As
disputas de jogos com equipes renomadas de Minas Gerais e de outros estados,
principalmente equipes profissionais emocionavam a vida dos cidadãos
bambuienses nas décadas de 50 e 60. O campo da AEB vivia lotado de torcedores
todos os finais de semana. Não existia TV, não existia internet, não existia
video-games, a diversão da garotada e também dos grandes homens, é claro, era o
futebol. Podia-se passar um dia inteiro na beira de um gramado e para a
população também era uma atração e tanta poder ver de perto seus filhos
bambuienses frente a grandes equipes do futebol brasileiro. E parecia não haver
limites para os homens daquela época, tanto os que trabalhavam por trás do
clube na administração quanto aos jogadores pelo compromisso com a camisa
alvi-celeste bambuiense. O futebol de Bambuí saíra das quatro linhas do
amadorismo para entrar no mundo profissional e Dom Miguel com certeza foi um
dos importantes homens que incentivaram e elevaram a AEB a este nível.
Os primeiros jogos profissionais: No ano de1966 a
AEB disputou a primeira divisão do Campeonato Mineiro. Naquela época existia a
Divisão Extra onde jogavam Cruzeiro, Atlético-MG, América-MG, Vila Nova de Nova
Lima e outros grandes times das Minas Gerais. A primeira divisão daquela época
equivale ao Módulo II do Campeonato Mineiro dos tempos atuais, no qual as
equipes que disputava a final (campeão e vice) tinham o acesso para disputar a
Divisão Extra. Na época todos os jogadores do quadro de profissionais da AEB
tinham seus contratos assinados para três anos conforme a data que eram
integrados ao grupo e recebiam pelos jogos que disputavam, afinal, o futebol em
Bambuí deixou de ser uma mera brincadeira e se tornou uma profissão para
diversos jovens da época.
O Ano de ouro da AEB profissional: Em1967, a
AEB entrou novamentre na disputa do Campeonato Mineiro da primeira divisão.
Este ano ficou marcado na memória dos desportistas de Bambuí e existem
registros mais detalhados desta época, inclusive a tabela com todos os jogos da
primeira fase foi guardada por Lindiomar J. Silva que até os dias de hoje
mantêm a sete chaves este tesouro. Nesta tabela, apenas o primeiro jogo da
primeira fase entre Flamengo e Sparta não foi registrado. No ano de 1967, na
Divisão Extra do Campeonato Mineiro, o time do Formiga (município vizinho a
Bambuí) teve o melhor desempenho entre as equipes do interior que disputavam
esta divisão, ficando atrás apenas de Cruzeiro (Campeão), Atlético-MG e América
e recebeu o título de “Campeão Mineiro do Interior”. Não havia Módulo I e II da
primeira divisão e Segunda divisão como hoje. A primeira divisão do campeonato
mineiro era regionalizada e os campeões regionais jogavam entre si para decidir
o campeão geral da desta divisão.
Torcida Aebense: Não poderíamos deixar de mencionar a fiel torcida aebense. Nos áureos tempos da equipe alvi-celeste a torcida esteve sempre presente nos grandes momentos da equipe e participando ativamente da vida do clube. Até mesmo os treinos atraiam os torcedores. Uns iam para apoiar, incentivar, outros para criticar, cobrar empenho dos jogadores. Alguns, pelo grande entusiasmo e incentivo ao time, ficaram marcados na memória da torcida. Dentre esses destacamos Cleto Machado, exímio marceneiro, solteiro, cinquentão, botafoguense roxo, era também apaixonado pela AEB. Sempre de pé no degrau mais alto da arquibancada, tinha um modo especial de torcer.
O surgimento dos veteranos da AEB: Naquela
época, antes de 1970, somente quem usufruía do campo principal do Estádio da
AEB eram os jovens das categorias de base e a equipe amadora da AEB. O sócio
era apenas contribuinte, a AEB era um time de futebol e não um clube de
diversão. O Sócio contribuinte tinha uma carteirinha que lhe dava acesso a
todos os jogos que a AEB disputava. É claro que os sócios tinham direito a usar
a quadra poliesportiva, que afinal, também foi construída para este fim, para
que os sócios e seus filhos pudessem utilizar este espaço dentro do clube. Mais
o campo principal era essencialmente para o time amador e suas categorias de
base. O time do “Persistentes F.C.” ao longo das décadas se transformou no time
conhecido hoje como “Veteranos da AEB”.
Campeonato Regional de 1981: No ano de 1981, o Campeonato Regional apresentou uma estrutura de dois turnos, sendo que o campeão de cada turno disputava uma final entre si, no caso de um mesmo time ser campeão dos dois turnos, esse já seria diretamente o Campeão Regional. Nesse ano, o time da AEB também fez uma bela campanha e foi campeão do primeiro turno. No segundo turno, a AEB começou a perder alguns jogadores importantes que foram embora por motivos de trabalho, perdeu alguns pontos e ficou atrás do Ypiranga de Arcos (Campeão do segundo turno). A final seria disputada entre AEB e Ypiranga. O primeiro jogo em Bambuí ficou empatado em1 a 1.
Uma final para apagar as críticas: O time de sócios que também treinava no Estádio da AEB foi convidado para
acompanhar o time em Arcos e reforçar a torcida, pois aquela partida seria uma
das mais importantes da história da AEB, entretanto fizeram uma crítica com os
jogadores dizendo: “Nós não vamos não, porque a AEB vai perder, nós não temos
condições de ganhar desse time, não vamos lá pra assistir vexame da AEB não.”
Chegando em Arcos, o goleiro Jaime (Baitôla) antes da partida foi entrevistado
pelo repórter da Rádio Tropical que lhe perguntou o que ele esperava daquela
partida e ele confiante e com tom convicente disse: “Nós vamos ganhar, nós
viemos para ganhar esse jogo!”
Acertando o time para a grande final: O Técnico da AEB era o Bolão e como a AEB tinha
empatado a primeira partida em casa, ele armou um esquema pouco usado na época,
com um só atacante e um bloqueio no meio campo e defesa, de modo que o atacante
atuava como meio-atacente. Neste jogo, Butininha, outro grande jogador daquela
época ficou na reserva e quem entraria no jogo seria Arley. Como ele jogava no
ataque, parece que o novo esquema tático havia deixado-o um pouco insatisfeito,
de modo que o técnico Bolão foi duro com ele e disse: “Ou joga onde eu estou
pedindo ou eu coloco outro jogador, é pegar ou largar!” Ele pegou, é claro, não
podia desperdiçar aquela chance e aos 15 minutos do primeiro tempo marcou o
único gol do jogo, que deu o título para a AEB, na época o jovem Arley tinha
cerca de 17 anos e segundo relatos tinha uma técnica rara tanto no futebol de
campo quanto de salão. Depois desse gol, a AEB sofreu 75 minutos de pura
pressão, parecia um jogo de ping-pong, a bola batia e voltava, o time de Arcos
pressionava e tentava a todo custo o gol de empate frente a sua torcida, mais
não conseguiram e permitiram que a AEB pudesse escrever essa página em sua
história e surpreender aqueles que outrora haviam desacreditado e criticado o
time, confirmando o ditado de que “futebol é uma caixinha de surpresas”.
2 a 1 e faltando 10 minutos
para terminar o jogo, o goleiro Jaime (Baitôla) saiu jogando pela lateral com o
Tibequer que tocou para o Mauro que inexplicavelmente recuou a bola como um
“foguete” para o goleiro Jaime que voltava para o gol e não conseguiu pegar a
bola. Mauro fez um gol contra empatando a partida em 2 a 2. Como o time de Bambuí
havia perdido uma partida em Piumhi e estava ganhando em Bambuí, haveria uma
terceira partida em campo neutro, que seria disputada em Arcos para decidir o
Campeão Regional, porém, o empate dava a vantagem para o América que havia
vencido em casa. Devido
a este fatídico acontecimento a AEB deixou de conquistar o bicampeonato da Liga
de Formiga, dentro do Estádio Sinfrônio Tôrres lotado.
Importantes jogos da AEB no ano de 1984: No
ano de 1983, a
AEB já não entrou na disputa do Campeonato Regional de Formiga e novamente
passou a realizar apenas alguns jogos amistosos com times da região. Isso fez o
time cair muito, devido a menor motivação do grupo de jogadores, que não mais
entravam em campeonato.
Em 1984, houve um amistoso histórico, na despedida de Jaci
que encerraria seus jogos pelo time bambuiense. O jogo foi entre AEB e Cruzeiro
E.C., em que o Morais (jogador do Cruzeiro) jogou um tempo pelo time da AEB
junto com o Jaci e um tempo para o Cruzeiro. No time do Cruzeiro E.C. atuaram
Piazza (jogador da copa do mundo de 1974), Natal, Evaldo, Dirceu, Morais,
Quirino, entre outros. Outro amistoso importante em 1984 foi contra o time do
AGAP (Patrocínio-MG), montado por Piazza no final de sua carreira. Este time
fez uma excursão pelo interior de Minas Gerais e passou por Bambuí, onde ganhou
de 4 a 2
da AEB. Era um time muito forte, difícil de ser batido.
O Título de 1985: A AEB disputou o Campeonato Municipal, que recebeu o nome de Elias Saade, em homenagem ao grande homem do esporte bambuiense. A AEB foi para a final contra o time do Guajajaras E.C. Foi um jogo muito disputado que terminou em1 a 1 no tempo regulamentar e
conseguiu a vitória nos pênaltis, sagrando-se Campeão municipal de 1985, o time
já estava em baixa, pois nunca antes havia disputado um campeonato municipal. A
AEB tinha um status a zelar, era o time grande de Bambuí, não disputava
torneios ou campeonatos municipais. Disputavam apenas campeonatos regionais,
campeonatos de clubes e amistosos com times de fama da época.
Inauguração da iluminação do estádio da AEB: Durante a gestão do Sr. Lindiomar José da Silva o estádio da AEB recebeu um grande presente. Após 47 anos, finalmente a casa da equipe alvi-celeste receberia iluminação. Por meio do Deputado José Ferraz foi realizado a instalação de refletores no estádio e na quadra poliesportiva do clube. Esta era a realização de um grande sonho dos bambuienses que tanto amavam o esporte e a equipe da AEB, pois daí em diante haveria a possibilidade de realizar jogos e outros tipos de eventos durante a noite. Os refletores foram inaugurados no dia 29 de maio de 1986 realizando mais uma partida histórica entre AEB e Atlético-MG. Já estava se tornando um clássico os amistosos entre o Tatu-Canastra e o Galo Mineiro de BH na cidade de Bambuí. O presidente da AEB em um trecho de seu discurso relembrou o saudoso Sr. Elias Saade, um homem que fez deste clube seu amor maior: “A nossa AEB vive hoje um dia, ou melhor, uma noite de grande glória, de grande alegria! Depois de 47 anos de espera, eis os sonhos de todos os desportistas bambuienses se concretizando, tornando-se real. Estivesse fisicamente entre nós o inolvidável desportista ELIAS SAADE (e cremos que de alguma maneira sutil ele se encontra feliz entre nós) seu entusiasmo seria o mesmo nosso, se não maior. E creio estar manifestando em nome da gratidão eterna dos desportistas de Bambuí àquele que fez da gloriosa bandeira azul e branca, sua própria bandeira!”. O Atlético-MG venceu a partida por2 a 0 e os jogadores da AEB que
atuaram nesta partida foram: Divino, Cebola, Zé Mariinha, Alex, Renin, Nivaldo,
Mauro, Maurício, Bananal, Amaral, Bilosca, Jarmes, Butininha e Armando.
Mudanças pra pior na AEB: Em 1986, com
o time todo desgastado, a AEB novamente entrou no Campeonato Regional com o Técnico
Bolão. O Técnico resolveu fazer uma mudança e colocaram jogadores que
trabalhavam em uma antiga fábrica de fogos que existia logo no final da rua,
próximo ao Estádio da AEB, mais os jovens tinham uma qualidade muito baixa,
jogadores importantes foram substituídos por estes e até mesmo o goleiro Jaime
(Baitôla) depois de todos aqueles anos perdeu seu posto para o goleiro Remmi,
também trabalhador da fábrica. Ninguém entendeu o motivo desta mudança no time.
O time perdeu de 4 a
0 pro Cruzeiro de Luz, levou outras goleadas em casa, foi vexame em cima de
vexame. Vendo o que estava acontecendo, Bolão retornou com Jaime para o gol e
outros jogadores que tinham sido retirados do time, mais a AEB já não tinha
como recuperar desse baque, já não havia sequer chances de classificação.
Capítulo XXI
AEB 50 Anos: Completando meio século de vida, a Associação Esportiva Bambuiense realizou no dia 30 de Abril de 1989 as festividades abertas a toda a população bambuiense. A comissão organizadora do evento foi composta por José Souto, Paulo Aroldo, Antônio Mateus, Joaci Neto, Paulo Cezar e José Faria. O evento teve o apoio da prefeitura municipal de Bambuí, na época administrada por Antonino José Martins. As festividades começaram ao meio dia e tiveram partidas entre o time mirim da AEB e a Escolinha do Sinval (Campos Altos), Infantil do Zíngaro contra infantil de Campos Altos, Mirim da AEB x Mirim de Araxá e Infantil da AEB x Infantil de Araxá. Além destes jogos foram prestadas homenagens a ex-atletas do clube, ex-presidentes da AEB, aos familiares de Elias Saade, familiares de Sinfrônio Tôrres e ao Sr. Antônio Moreira.
Relatos sobre a alegria bambuiense: Na reportagem sobre o goleiro o repórter do Estado de Minas descreve: “O bambuiense esperou mais de uma década por um bom momento no futebol. Queria aplaudir o Atlético completo, mais se contentou com o time reserva que goleou o Rio Branco por 6 a 1. A festa começou as 11h30min, quando o ônibus com a delegação chegou ao trevo, na entrada da cidade. Uma carreata, buzinaço, foguetes e faixas anunciavam a chegada do time. Quando o goleiro Taffarel apareceu, uma loucura. Ele não estava no programa e foi incluído na delegação para não frustrar Bambuí. E não foram apenas as crianças que o abraçaram, beijaram, pediram autógrafos e tiraram fotos ao seu lado. Também os marmanjos e muitas mulheres. Com paciência o goleiro tetra-campeão brasileiro tratou todos com carinho e foi homenageado com uma placa de prata. Do trevo a delegação foi para a Escola Agrotécnica Federal, onde os jogadores almoçaram e descansaram. Uma hora antes do jogo foram para o estádio, sempre seguidos pela torcida e por um cachorrinho pequinês, vestido com uma mini-camisa do Atlético. Às 14h, o Sinfrônio Tôrres já estava lotado. Taffarel apareceu de novo, acenou para o público, que correspondeu plenamente e posou para mais fotos. Quando o jogo acabou, os torcedores fizeram um apelo: que o Atlético volte o mais rápido possível e que dê a Bambuí outro presente”.
Continua... Não perca nossa próxima publicação!
Agradecimentos
Capítulo X
AEB no Campeonato
Mineiro: Todos os jogadores que atuavam na AEB foram registrados na
Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual CBF, e receberam oficialmente
suas carteiras de identificação como profissionais da bola, na qual constava a
profissão “futebolista”. O presidente da CBD na época era João Havelange,
entretanto as carteiras foram assinadas por Edison Oliveira, que possivelmente
seria um representante da confederação em Minas Gerais. O Estádio também foi registrado
na CBD para oficializar o mando de campo da equipe de Bambuí, sendo este
denominado Estádio Sinfrônio Tôrres. O Estádio apresenta capacidade para um
público de 4000 pessoas.
Os primeiros jogos profissionais: No ano de
Um início frustrante: No ano de 1966, a AEB não teve grande
sucesso na sua primeira experiência como profissional e deixou o torneio na
primeira fase. A equipe bambuiense jogou com times como Dorense (Dores do
Indaía), Zacarias (Dores do Indaía), Capri (Pompéu), Cristalino (Pompéu),
Comercial (Campo Belo) e Sparta (Campo Belo). Estas informações foram nos
contada pelo Sr. Jaime Batista (Baitôla) que teve participação inesquecível
neste glorioso plantel dos anos 60, atuando como um dos maiores goleiros que a
torcida bambuiense já presenciou em campo.
O Ano de ouro da AEB profissional: Em
Desempenho da AEB no Campeonato
Mineiro: Na Tabela da Chave do Campeonato Mineiro do qual a AEB participou
atuaram 10 equipes, sendo as demais: Flamengo (Conselheiro Lafaiete), Sparta
(Campo Belo), Comercial (Campo Belo), Social (Oliveira), Dorense (Dores do
Indaía), Cristalino (Pompéu), Paraense (Pará de Minas), Guarani (Divinópolis) e
Laprata (Lagoa da Prata). A primeira partida foi realizada em 09 de Julho de
1967, estreando com derrota de 3
a 1 para o Comercial de Campo Belo. Na segunda rodada
venceu o Flamengo em casa por 2
a 0, no dia 16 de julho. Na terceira rodada conseguiu
uma vitória apertada, vencendo por 1
a 0 o time do Cristalino fora de casa, no dia 23 de
julho. Nesta mesma rodada, o Flamengo que havia sido derrotado pela AEB em
Bambuí tomou uma goleada histórica do Guarani, perdendo por 11 a 1. No dia 30 de julho
veio a segunda derrota bambuien-se no campeonato, sendo derrotado pelo Sparta
por 2 a 0.
AEB x Guarani de Divinópolis: Já
no início de Agosto (06/08/67) o time alvi-celeste fez bonito em Bambuí e
conseguiu a vitória sobre o Guarani pelo resultado de 1 a 0, um jogo disputadíssimo,
mais que mostrou a qualidade do grupo bambuiense sobre um adversário forte e
fez a torcida enlouquecer de alegria, alcançando a sua terceira vitória na
competição estadual. O Guarani estava com 100% de aproveitamento no campeonato
até este jogo que ficou marcado historicamente para a AEB.
Capítulo XI
AEB no Campeonato Mineiro ...
Jogo Incrível em Pará de Minas: No dia 13 de Agosto, na cidade de
Pará-de-Minas o placar foi um incrível empate de por 5 a 5. Isso mesmo! Uma partida
de dez gols, cinco para cada lado. Nessa partida o goleiro era o Bolão, a AEB
estava ganhando de goleada, até que um jogador do Paraense mudou a história
dessa partida. A AEB estava ganhando de 5 a 2 e João Ribeiro marcou três gols, levando
a esse empate espetacular. Uma verdadeira batalha dentro de campo entre a AEB e
o Paraense.
Primeira derrota da AEB dentro de casa: No
dia 20 de agosto, o time bambuiense amargou sua primeira derrota dentro de
casa, perdeu por 3 a
1 para o time do Dorense que vinha mal no campeonato e até aquele momento só
havia conseguido uma vitória magra de 1 a 0 contra o Sparta na terceira rodada. Na
penúltima rodada, a AEB enfrentou o Laprata em grande jogo na cidade de Lagoa
da Prata, que terminou sem gols.
AEB tira invencibilidade do Social: No
último jogo, em Bambuí a AEB mais uma vez abriu o marcador primeiro e
consolidou a vitória por 1 a
0 sobre a equipe do Social que estava invicta no campeonato mineiro, com 7
vitórias e um empate. Era uma equipe muito temida pelos adversários e
geralmente ganhava seus jogos por dois ou mais gols. A sua única derrota foi
para a AEB, no Estádio Sinfrônio Tôrres, fato que marcou profundamente a
história do time bambuiense e deixou a torcida empolgada para a disputa da fase
seguinte. Com a campanha de quatro vitórias, dois empates e três derrotas a AEB
classificou em quarto lugar para a fase semifinal. Nesta fase, haveria uma
disputa em formato de triangular entre AEB, Sparta de Campo Belo e Cassimiro de
Abreu de Montes Claros para disputar uma única vaga. Foram jogos de ida e
volta. A primeira partida da semifinal da AEB foi em Montes Claros contra
o Cassimiro de Abreu, time da casa. Eram jogos de ida e volta. O Sparta virou
“Caixa de pancada” nessa fase, segundo relatos do Sr. Jaime Batista. Este
primeiro jogo ficou 0 a
0.
AEB se complica na fase final do Mineiro de
1967: Na segunda partida do triangular semi-final, a AEB recebeu o Sparta
em Bambuí, em um jogo que parecia ser fácil, a equipe de Campo Belo surpreendeu
e manteve o jogo empatado em 0 a
0 com a AEB, complicando a vida do time bambuiense que sonhava com a
classificação. Aquele time que outrora era visto como “caixa de pancada” deu
aperto para o time alvi-celeste frente a sua torcida. No jogo de volta, contra
o Cassimiro de Abreu em Bambuí, as esperanças acabaram com a derrota por 2 a 0 para o time de Montes
Claros. Depois desse jogo, a AEB sem chance de classificar para a Divisão Extra
perdeu jogadores importantes de fora que haviam sido contratados para aquele
plantel, como Amadeu do Guarani de Divinópolis.
Jogadores da AEB conheceram a “Mala Preta”
no campeonato mineiro: Na última partida do quadrangular, em Campo Belo , contra o
Sparta a AEB entrou com um time misto, daqueles que eram titulares durante a competição
restaram apenas o Jaime (Baitôla), Cará, Cabrita, Jaci e o Popó. Os demais
jogadores que compunham esse time foram Geraldinho Camilo, Lisboa (da cidade de
Raposos-MG), Zé Maria, Mauro, Nêgo (de Franca-SP), Agnelo e Erivelton (de Campo
Belo). “Neste jogo eu conheci a chamada mala preta, porque o Cassimiro de Abreu
precisava desse resultado, porque depois desse nosso jogo contra o Sparta, o
Cassimiro tinha a sua última partida em Campo Belo e ele precisava do resultado (...) um
senhor chegou pra gente e disse: vocês tem 700 mil Cruzeiros para uma vitória,
o Cassimiro de Abreu precisa dessa vitória, se vocês vencerem levam esse
dinheiro e a gente ganhou esse jogo de 2 a 1, um jogo difícil demais.” – relatou Sr.
Jaime Batista. Neste jogo, o primeiro tempo foi truncado e terminou em 0 a 0. No segundo tempo, a AEB
tomou o gol bem no início da partida. Parecia que a AEB encerraria o campeonato
mineiro com mais uma derrota. A AEB, entretanto, não se intimidou e partiu pra
cima buscando a vitória e conseguiu virar o placar com dois gols de pênalti
cobrados por Cará, isso foi nos 15 primeiros minutos do segundo tempo. Depois o
time bambuiense sofreu uma pressão absurda, um verdadeiro bombardeio do time do
Sparta e conseguiu segurar a vitória.
Fim da Era profissional: Em 1968, a AEB não disputou
mais o campeonato mineiro e rescindiu o contrato com seus jogadores. O
documento de rescisão contratual foi redigido com as seguintes palavras: “Pelo presente têrmo de rescisão de contrato
resolvem a Associação Esportiva Bambuiense, em séde nesta cidade de Bambuí,
Estado de Minas Gerais, e o atleta profissional de futebol, JAIME BATISTA,
rescindir amigávelmente o contrato nº. 184.579, datado de 22 de junho de 1967
até 30 de junho de 1969, pelo que fica o referido atleta livre, a partir desta
data, de todo e qualquer vínculo da dita Associação, podendo assinar outro
contrato qualquer com a entidade que desejar, sem que a Associação Esportiva
Bambuiense tenha direito a qualquer reclamação futura. Para constar mandaram lavrar
o seguinte termo que assinam na presença de duas testemunhas. Bambuí, MG, 20 de
Novembro de 1968 ” . Este exemplar de contrato como já citado em suas
alíneas era pertencente ao atleta Jaime Batista, que atuava como goleiro
naquela época e tinha seu contrato até o ano de 1969. O presente contrato foi
assinado por Elias Saade como presidente da AEB, pelo atleta e mais duas
testemunhas (possivelmente sócios ou membros da diretória na época).
Capítulo XII
Retorno da AEB ao amadorismo: Deste
período em diante o time alvi-celeste retornara ao seu mais puro amadorismo,
disputando o Campeonato Municipal de 1969. No início dos anos 70, o Sr. Elias
Saade vendeu alguns imóveis que tinha para quitar as dívidas esportivas
adquiridas pela a AEB durante a sua aventura pelo Campeonato Mineiro e mudou
para Belo Horizonte com sua família. “Tudo que ele devia de AEB ele pagou, não
ficou devendo ninguém, nós é que ficamos devendo ele, ficamos grato por tudo
que ele fez pra gente e pra Bambuí, quitou todos os compromissos, o irmão dele,
Antônio Saade ajudou, porque tinha uma dívida muito grande, eles tinham um
patrimônio muito grande e teve que se desfazer de muitos bens para quitar essa
dívida que foi muito, porque tudo pra ele era AEB...AEB...para o futebol de
Bambuí, um nome que nunca vai ser esquecido, bom administrador...”. Relatou-nos
emocionado Sr. Jaime Batista.
Torcida Aebense: Não poderíamos deixar de mencionar a fiel torcida aebense. Nos áureos tempos da equipe alvi-celeste a torcida esteve sempre presente nos grandes momentos da equipe e participando ativamente da vida do clube. Até mesmo os treinos atraiam os torcedores. Uns iam para apoiar, incentivar, outros para criticar, cobrar empenho dos jogadores. Alguns, pelo grande entusiasmo e incentivo ao time, ficaram marcados na memória da torcida. Dentre esses destacamos Cleto Machado, exímio marceneiro, solteiro, cinquentão, botafoguense roxo, era também apaixonado pela AEB. Sempre de pé no degrau mais alto da arquibancada, tinha um modo especial de torcer.
Cleto Machado, um louco apaixonado
torcedor: Ele criou alguns jargões que ia pronunciando de acordo com o
desenrolar da partida e o desempenho dos jogadores. Quando acontecia alguma
jogada mais violenta ele reagia em altos brados: “É pra aleijar ou desmaiar?
Quebra a canela que a muleta ta feita!”. E, cobrando empenho nas jogadas dizia:
“Trava, trava que ele erra!” ou então: “Manda pra Cuba!”. Tinha também o
Sr.Esmeraldo cujo alvo preferido era o juiz da partida. Ele gostava de ficar no
campinho de peladas, em pé, encostado na tela do alambrado, conferindo a
atuação do árbitro. Ele nunca estava satisfeito com as decisões de Sua
Senhoria. Discordava, talvez não seja o termo mais correto. Ele simplesmente
excomungava o árbitro pronunciando aos gritos uma profusão de palavrões. O mais
comum era: “Ô Juiz filho da...”. Elizete Saade também se lembra bem de Cleto e
releta brincando: “...falando de força, havia o "grito" do Cleto
durante os jogos da AEB. Se a coisa não andava bem, se os corações dos
torcedores não aguentavam mais, o Cleto gritava: "pita, Ilia!". De
fato, ele morreu disso.”
Aonde a AEB vai a torcida vai atrás: Haviam
torcedores apaixonados pela AEB que faziam uma verdadeira “romaria” atrás do
time para prestigiar os jogos. Quem possuía carro reunia a turma de amigos ou a
família e colocava o pé na estrada. Segundo relatos do Sr. Jaime Batista,
algumas vezes saiam turmas em carroceria de caminhão para assistir os jogos da
AEB em outras cidades. O Sr. Eli Vieira chegou a levar uma turma de caminhão
até em Campo Belo
para assistir os jogos da AEB.
O Caso dos torcedores leprosos: Em
tempos passados Bambuí ficou internacionalmente conhecida pelo Sanatório São
Francisco de Assis (atual FHEMIG), que tratavam as pessoas que tinham
hanseníase, uma doença contagiosa e que levava a sérias deformações físicas,
conhecida também pelo nome popular de “lepra”. A cidade inteira tinha receio da
doença, um preconceito fruto do desconhecimento, da ignorância, e não da
maldade do povo, um temor de ser contagiado. Grande parte dos enfermos vinham
de outras cidades e mesmo de regiões longínquas, eram poucos os bambuienses
nativos que tinham tal doença. Mas aquelas pessoas também gostavam de futebol e
queriam ir ao campo, ver os jogos. Elizete Saade nos conta como qual foi a
medida adotada pelo seu pai na época: “Eram torcedores fanáticos, como de resto
toda a população. Meu pai teve a iniciativa de construír uma arquibancada
(ficava encostada no muro que dá para a Avenida) e portão de acesso exclusivo
para esse segmento. Hoje, com todo o esclarecimento sobre o tema, e considerando
as mudanças de valores, a atitude mais inclusiva da sociedade, esse fato pode
parecer excludente; mas, naquele momento, foi altamente inclusivo - uma forma
de incluir, sem impor uma proximidade que violentaria a população.”
Torcida Feminina da AEB: Outro
espetáculo era protagonizado pela torcida feminina. As moças se colocavam de pé
na arquibancada atrás do gol do lado da velha Cadeia, hostilizavam o goleiro
adversário quando a AEB estava à frente do placar, com alguma folga. Elas
cantavam: “É osso, é osso de galinha, arruma outro time pra jogar com a nossa
linha...”
Capítulo XIII
O Início do Time de Sócios: Depois que o Sr. Elias Saade deixou a
AEB, no ano de 1970 formaram-se o time de sócios da AEB, que começaram a
usufruir do campo do clube e disputar amistosos com times amadores da região.
Esse time de sócios foi montado por João José (Presidente da AEB) e foi nomeado
de “Persistentes Futebol Clube”. Inicialmente o time do Persistentes treinava
no estádio da AEB sem comprometer os dias de treinamento do time da AEB e dos
juvenis. A equipe amadora começaria a entrar em declínio a partir deste período
e o conceito de sócio começaria a ser visto com outra visão. Até então, existia
apenas os sócios contribuintes, que pagavam para ajudar a manter as despesas da
AEB como manutenção das instalações e gramados, água, iluminação, entre outros.
Muitos destes sócios eram apaixonados pela AEB e contribuíam somente para ter o
prazer de ver esse time amador ativo todos os finais de semana, levando grande
alegria para a população da cidade. Muitos contribuíam, mais nem compareciam em
campo.
Capítulo XIV
Um jogo inusitado: Em 1976, o prefeito Domingos realizou um
Campeonato de Clubes Municipal, no qual jogaram AEB, Ferroviário, Zíngaro,
Guajajaras e outros. Como o prefeito era apaixonado por futebol pediu ao
goleiro da AEB, Jaime Batista que montasse um time da Prefeitura para disputar
esse campeonato. O Campeonato era distribuído em chaves, sendo que a AEB estava
em uma e o time da Prefeitura Municipal de Bambuí (PMB) em outra chave. A
semi-final deste Campeonato de Clubes foi entre AEB x PMB. A AEB estava com seu
time titular completo, com Jaci e companhia, ou seja, os melhores jogadores da
década de 70 estavam nessa semi-final contra o time da PMB que ganhou seus
jogos apertados de 1 a
0, 2 a 1 e
conseguiu a classificação de forma sofrida. Na semi-final, o time da PMB
começou vencendo e a AEB logo empatou o jogo (1 a 1). O jogo foi para os
pênaltis e o goleiro Jaime (Baitôla) atuando pelo time da PMB defendeu dois
pênaltis, um de Jaci e o outro do Massinha. O placar final do jogo foi 3 a 2 nos pênaltis. A PMB foi
para a final contra o Olhos D’Água e venceu por 3 a 1, consagrando a Prefeitura
Municipal campeã deste torneio.
Troféu José Pinto Fiúza: Em 1976, a AEB disputou outro
grande campeonato realizado na região de Bambuí que tinha os times: Capri e
Cristalino de Pompéu, Vila Nova e Formiga E.C de Formiga, Dorense e Zacarias de
Dores do Indaiá, Atlético e América de Piumhi, Ypiranga e Associação Atlética
de Arcos. Neste campeonato havia os jogos em mata-mata e classificaram-se para
um triangular final os times da AEB, Vila Nova e Capri de Pompéu. A AEB não foi
bem nessa fase final e no jogo contra o Capri empatou por 1 a 1 no tempo regulamentar. A
partida foi para a prorrogação, que tinha dois tempos de quinze minutos e
perdeu por 2 a
0. O Capri foi para a final com o Vila Nova e foi campeão. O time do Capri era
invencível nessa época, porque eles compravam jogadores profissionais para
jogar no time deles, era um time mantido por fazendeiros da cidade de Pompéu
que eram apaixonados por futebol. Conta a história que havia naquela cidade um
grupo de fazendeiros que vendiam novilhas, gado e investiam em jogadores de
base do Cruzeiro, Atlético, profissionais do Guarani de Divinópolis, entre
outros, para reforçar o time do Capri e manter o futebol de Pompéu competitivo.
Nesse torneio, o técnico da AEB era o Mirim, que jogou no Vasco da Gama na
época de 1950.
Primeiros Campeonatos Regionais da AEB: No
ano de 1979 a
AEB disputou seu primeiro campeonato regional pela Liga de Formiga, mais a
campanha do time não foi boa, sendo eliminado do torneio precocemente. No ano
de 1980 a
AEB entrou pra ser campeão e foi classificada para a disputa do quadrangular
final. Nesse quadrangular foram classificados AEB, América de Piumhi, Formiga
E.C. e Ypiranga de Arcos, que jogariam
entre si. A AEB estava bem no primeiro jogo em Bambuí ganhando o primeiro tempo
de 2 a 0,
quando um determinado jogador bambuiense começou a cometer muitas faltas, o que
levou a ocorrer dois pênaltis seguidos em favor do time de Arcos e por fim, o
Ypiranga virou o jogo, vencendo a partida de 3 a 2 em cima da AEB. Depois,
já no município de Piumhi, na partida contra o América a AEB ganhou de 2 a 1. No terceiro jogo venceu
o Formiga por 1 a
0 na casa do adversário. Como o Formiga E.C. faria seu último jogo do
quadrangular final contra o Ypiranga e pegaria o time da AEB para a disputa do
título, eles entraram com um time reserva frente ao time arcoense e perderam a
partida por 6 a
0, de modo que classificaram Formiga E.C. e Ypiranga de Arcos, tirando Bambuí
da disputa, como nos relatou o Sr. Jaime Batista: “O que o Formiga... na minha
imaginação, o que eles pensaram: se eles ganharam da gente aqui...aí o que eles
fizeram, o Formiga ia jogar com o Ypiranga em Arcos, aí o Formiga tirou nós do
páreo o seguinte, pôs um time reserva contra o Ypiranga e perdeu, aí a decisão
foi sobrar entre Ypiranga e Formiga, (...) eles sentiram que nós seriamos um
adversário forte pra eles...”.
Campeonato Regional de 1981: No ano de 1981, o Campeonato Regional apresentou uma estrutura de dois turnos, sendo que o campeão de cada turno disputava uma final entre si, no caso de um mesmo time ser campeão dos dois turnos, esse já seria diretamente o Campeão Regional. Nesse ano, o time da AEB também fez uma bela campanha e foi campeão do primeiro turno. No segundo turno, a AEB começou a perder alguns jogadores importantes que foram embora por motivos de trabalho, perdeu alguns pontos e ficou atrás do Ypiranga de Arcos (Campeão do segundo turno). A final seria disputada entre AEB e Ypiranga. O primeiro jogo em Bambuí ficou empatado em
Capítulo XV
Campeonato Regional de 1982: No ano de
1982 o time alvi-celeste bambuiense foi novamente Campeão invicto do primeiro
turno do Regional de Formiga, dessa vez com um plantel totalmente modificado,
Zé Cláudio e Paulo César que eram importantes jogadores, titulares absolutos já
não atuaram nessa época. A AEB jogou só com Roberto Bananal no ataque, outros
jogadores como Jaci, Jaime, Divino Morgado, Arley, Batata e Butininha também
tiveram atuação importante nos jogos desta época. A decisão do Regional de 1982
foi contra América de Piumhi. A AEB perdeu o primeiro jogo na casa do adversário
por 1 a 0,
porém o time bambuiense voltou pra casa motivado, pois mesmo com a derrota
haviam jogado bem e perderam muito gol, alguns até mesmo inacreditáveis. Em
Bambuí, a AEB começou logo abrindo o marcador e fazendo 1 a 0. Não demorou muito e o América
de Piumhi conseguiu empatar a partida.
Um lance inusitado tira o título da AEB: A
AEB guerreira, lutando perante sua torcida conseguiu a virada marcando
Capítulo XVI
AEB x Atlético-MG (Júnior): No ano de 1983 a equipe do Atlético-MG
mais uma vez veio para Bambuí disputar uma partida amistosa contra o time
celeste. A equipe se preparava para a disputa da Copa São Paulo de futebol
júnior, da qual viria ser campeão naquele ano. A equipe júnior do Galo marcou 4
gols no estádio Sinfrônio Tôrres. O jogo terminou com o placar de 4 a 0 e os jogadores da AEB que
participaram desta disputa foram: Joaci, Gilson, Reinaldo, Rui, Eurípedes,
Tiolão, Zé Mariinha, Jaci, Loretti, Arley, Butininha, Batata, Willian, Jaime,
Cavalinho e Pedrinho.
O Título de 1985: A AEB disputou o Campeonato Municipal, que recebeu o nome de Elias Saade, em homenagem ao grande homem do esporte bambuiense. A AEB foi para a final contra o time do Guajajaras E.C. Foi um jogo muito disputado que terminou em
Capítulo XVII
Inauguração da iluminação do estádio da AEB: Durante a gestão do Sr. Lindiomar José da Silva o estádio da AEB recebeu um grande presente. Após 47 anos, finalmente a casa da equipe alvi-celeste receberia iluminação. Por meio do Deputado José Ferraz foi realizado a instalação de refletores no estádio e na quadra poliesportiva do clube. Esta era a realização de um grande sonho dos bambuienses que tanto amavam o esporte e a equipe da AEB, pois daí em diante haveria a possibilidade de realizar jogos e outros tipos de eventos durante a noite. Os refletores foram inaugurados no dia 29 de maio de 1986 realizando mais uma partida histórica entre AEB e Atlético-MG. Já estava se tornando um clássico os amistosos entre o Tatu-Canastra e o Galo Mineiro de BH na cidade de Bambuí. O presidente da AEB em um trecho de seu discurso relembrou o saudoso Sr. Elias Saade, um homem que fez deste clube seu amor maior: “A nossa AEB vive hoje um dia, ou melhor, uma noite de grande glória, de grande alegria! Depois de 47 anos de espera, eis os sonhos de todos os desportistas bambuienses se concretizando, tornando-se real. Estivesse fisicamente entre nós o inolvidável desportista ELIAS SAADE (e cremos que de alguma maneira sutil ele se encontra feliz entre nós) seu entusiasmo seria o mesmo nosso, se não maior. E creio estar manifestando em nome da gratidão eterna dos desportistas de Bambuí àquele que fez da gloriosa bandeira azul e branca, sua própria bandeira!”. O Atlético-MG venceu a partida por
Cruzeiro júnior em Bambuí: O time da
AEB realizou também em 1986 um grande amistoso contra o time júnior do Cruzeiro
E.C. de Belo Horizonte. A primeira vez que o bambuiense assistiu um jogo entre
AEB e Cruzeiro foi no dia 17 de agosto de 1975, entretanto não conseguimos registros
ou relatos sobre esta partida. A partida de 1986 marcou a saída do jogador
Jaci, além dele estiveram presentes nesta partida: Divino, Zé Mariinha, Tiolão,
Rui, Eurípedes, Morais, Baitola, Amaral, Leno, Cavalinho, Batata, Butininha,
João Cachorro, Mauro e Pedrinho. O técnico da AEB foi Joaci e a equipe do
Cruzeiro levou a melhor, vencendo por 2 a 0.
AEB x Sobradinho-DF: Ainda na
administração de Lindiomar, os bambuienses puderam assistir mais um grande
amistoso contra a equipe do Sobradinho, time profissional, bicampeão
brasiliense (1985 e 1986) e vice de 1984. A equipe da AEB comandada pelo presidente
Lindiomar Silva conheceu mais uma goleada na sua história e perdeu a partida
por 5 a 0.
Atuaram neste jogo: Reni, Tibeca, Divino, Maurício, Jarmes, Zé Mariinha,
Bananal, Batata, Butininha, Belini e Amaral.
Campeão do Centenário Bambuiense: Em
1986, ano do centenário da cidade, a equipe júnior da AEB, dirigida pelo
técnico Moacir Chaves sagrou-se campeã da categoria. A equipe principal
disputava torneios regionais enfrentando as equipes das cidades vizinhas, tais
como Cruzeiro de Luz, Associação e Ypiranga de Arcos, Vila e Formiga de
Formiga, Vila Nova e Associação de Iguatama, Laprata e Luciania de Lagoa da
Prata, entre outros. Até 1987
a AEB manteve todos os seus departamentos amadores em atividade. As
equipes de base todas funcionavam plenamente desde o dente-de-leite até os
juniores.
Capítulo XVIII
Categorias de base, tradição da AEB: A AEB sempre prezou pela
preparação de jogadores para sua equipe principal, trabalhando com jovens
talentos do futebol de Bambuí e da região valorizando a “prata da casa” e
desenvolvendo um trabalho social. Desde a sua fundação as categorias de base atuaram
com dente de leite, infantil, juvenil e juniores. Os juniores muitas vezes se
uniam a jogadores que não estavam sendo aproveitados na equipe principal e
formavam o chamado Aspirantes, em outra época conhecido como “Expressinho da
AEB”.
Disputa de jogos importantes das categorias
de base: A equipe de Juniores conquistou em 1986 o campeonato do Centenário
de Bambuí, além de disputar em Araxá a Copa Umbro. A categoria Mirim também já
marcou história ao participar da Copa Internacional de Futebol Mirim. Bambuí
sediou uma etapa realizada de 12
a 21 de Julho de 1991 e recebeu equipes nacionais e
sulamericanas, dentre elas uma equipe Argentina.
O desastre de 1987: Em 1987, novamente
a AEB entrou no Campeonato Regional, com um time muito fraco, novamente o
goleiro Jaime é sacado para a entrada de Rosan que era o goleiro do time de
sócios (Veteranos). Naquele tempo havia o goleiro Edinho que era um jovem muito
bom. Até mesmo o goleiro Jaime fazia questão que o Edinho entrasse no time, ele
havia sido treinado pelo próprio Jaime, era um goleiro muito bom, muito
qualificado e tinha uma categoria impressionante para defesa de pênaltis.
Entretanto, Edinho não teve oportunidade no time da AEB, logo teve uma
oportunidade no Ferroviário de Bambuí, no qual se destacou e conquistou
campeonato pelo time do “Ferrim”. A AEB não ganhava, perdeu quase todas as
partidas e novamente passou longe da classificação para as finais.
Homenagem ao bilheteiro mais antigo da AEB:
Muitos desportistas devotaram uma boa parte de suas vidas e seu esforço em
favor da AEB. Entre eles, o senhor Antônio Moreira, funcionário público
municipal que trabalhou longos anos como bilheteiro e foi homenageado por isso:
“Sr. Antônio Moreira, após ter dedicado
50 anos de serviços prestados na bilheteria da AEB, como voluntário e por amor
ao esporte, foi homenageado pela equipe local, por iniciativa da atual
diretoria na pessoa de seu presidente, Lindiomar J. Silva, no dia sete de
setembro (1987) quando recebeu uma
medalha de Honra ao Mérito e deu o chute inicial da partida daquele dia”.
Na verdade, o Sr. Antônio Moreira, recebeu, merecidamente uma placa de prata.
Relatos do Estado de Minas sobre a goleada da década de 80: Em 1996 o time do Galo voltaria a Bambuí para disputar uma partida oficial pelo Campeonato Mineiro daquela época no Estádio Sinfrônio Tôrres e nesta época o jorna Estado de Minas do dia 21 de maio de 1996 trouxe um tópico intitulado “Cidade já viu goleada” na qual relata o histórico jogo entre AEB e Atlético-MG na década de 80. O repórter Jorge Luiz relatou a passagem com as seguintes palavras: “No dia 3 de setembro de 1988, o Atlético esteve em Bambuí com um time misto para um jogo amistoso. Venceu a Associação Esportiva Bambuiense por11 a 1, gols de Renato
Morungaba (três), Saulo (três), Sérgio Araújo, Marquinhos, Paulo Roberto
Prestes, Aílton e Luiz Cláudio. O gol da AEB foi marcado por Alex. O Atlético
jogou com Rômulo, Carlão (Luiz Cláudio), Tobias (Moacir), Flávio, Paulo
Roberto, Vander Luiz, Marquinhos, Renato Morungaba (Aílton), Sérgio Araújo,
Saulo, Hélder. O público pagante chegou a três mil torcedores e o técnico do
Atlético era Telê Santana. No jogo, Tobias sofreu uma forte pancada no olho
direito e o médico Marcos Vinícius dos Santos fez uma pequena cirurgia, ainda
no gramado, para conter uma hemorragia. A partida marcou a estréia do goleiro
Rômulo no Atlético. Depois de alguns, anos ele abandonou o futebol dedicando-se
a aviação, já que é piloto profissional. O jogo foi uma promoção do empresário
Eugênio Bahia”
Nasce
o Campeonato de Bairros na AEB: Na
gestão de Danilo Oliveira (irmão do Cabriola) frente a AEB, no ano de 1988 foi
criado o primeiro Campeonato de Bairros de Bambuí, com 10 times e dois turnos.
Neste campeonato aconteceu um fato interessante, o time do Lava-Pés F.C. tinha
a intenção de perder pro Boca-do-Brejo F.C. para tirar o Antena E.C. do páreo.
Apesar do Lava-Pés perder por 2
a 0 para o Boca-do-Brejo, achando que o Boca conseguia
ganhar do Antena e tira-lo da disputa, mais não foi isso que aconteceu. O
Lava-Pés sobrou para disputar uma vaga da chave contra o Antena para a final e
o Lava-Pés perdeu o jogo por 2 a
1. O Antena classificou para a final contra o Guajajaras F.C. que tinha
conseguido a vaga na outra chave. Nesse ano, o Guajajaras foi o Campeão
vencendo o Antena por 1 a
0.
Capítulo XIX
Um causo engraçado de briga em
Pará-de-Minas: A equipe da AEB já passou por alguns apuros em
suas excursões, nem tudo era alegria. As vezes uma vitória do time visitante
era o início de uma briga com jogadores e torcedores. No jogo entre AEB e
Paraense, pelo Campeonato Mineiro de 1967 ouve uma briga após o empate
histórico de 5 a
5. O Sr. Jaime Batista, apesar de não estar presente na partida conta detalhes
do que aconteceu na época: “...eu lembro que eles contaram que o Pezão, ele era
um goleiro muito mais alto que um metro e noventa, gigantão...mais num sei se
ele tinha medo de briga ou o que era, ele foi esconder e pediu o soldado: oh me
protege aqui! Me protege aqui...e o policial respondeu pra ele: Ah! Larga de
ser malandro sô! Vai ajudar seus companheiros a brigar uai, larga de ser
covarde, um homem desse tamanho querendo esconder...”
Guerra nas arquibancadas: No ano
de 1968, na cidade de Campo Belo começou um tumulto na arquibancada e quando os
jogadores da AEB perceberam eram torcedores bambuienses que estavam envolvidos
em uma confusão com a torcida adversária. Segundo relatos do Sr. Jaime Batista
até hoje não se sabe o motivo da briga ao certo, sabe-se apenas que os
protagonistas bambuienses derrubavam gente de um lado para o outro até que a
policia contornou a situação. Em Campos Altos também tiveram algumas brigas entre
torcida, mais os bambuienses nunca saíram em desvantagem. O Sr.
Jaime comenta com bom humor: “...a AEB já tava virando era um terror porque a
torcida chegava na cidade dos outros e batia...”. Os torcedores bambuienses
ficavam na mesma área da torcida adversária comemorando e fazendo a festa o que
deixava os torcedores da casa irritados, além disso brincadeiras de mau gosto
por parte dos adversários esquentavam o clima, comentários como “olha lá os
dedos dele vão cair...”, gritos de “colonheiros” e “cotós” eram implicações que
desencadeava muitas brigas nas arquibancadas. Havia um certo preconceito pelo
fato de Bambuí abrigar um centro de tratamento de hanseníase naquela época.
As Brigas da AEB: Havia
muita rivalidade regional naquela época e muitos torcedores implicavam com o
time da AEB por onde passava. De acordo com o Sr. Jaime Batista a região de
Carmo do Paranaíba era pesada, deixou marcas. Em 1976, numa partida amistosa a
equipe alvi-celeste bambuiense acabou se envolvendo em uma confusão no jogo de
volta, em Carmo do Paranaíba. O primeiro jogo em Bambuí a AEB venceu por 4 a 0 o time do Carmo e no
segundo jogo a partida ficou empatada em 0 a 0, não havia policiamento no estádio e
faltando poucos minutos pra acabar começou uma briga. O Sr. Jaime lembra como
se fosse hoje e nos relatou: “...não tinha polícia no campo, esse dia a gente
teve que brigar pra não apanhar muito (...) acabou a briga, campo molhado,
campo de areia...grama num tinha nenhuma, eu com a bola de baixo do braço e
dando ponta-pé lá quieto e foi o dia que eu levei mais desvantagem...um
jogador, atacante deles conversando comigo (...) e nem o atacante deles que estava
conversando comigo percebeu, veio um reserva num setor do campo e entrou por
trás de nós e levou a mão fechada e acertou meu nariz. Aí vai eu, Martins e o
Armando correr atrás desse caboclo pra pegar ele e ele pulou a cerca e foi
embora, então o jogador do time deles falou assim, se vocês pegam esse caboclo,
ele é um ex-policial e nós não gostamos dele aqui não, vocês podiam ter pegado
ele e dado um cacete (risos)...”.
Uma vitória sobre escolta policial: Na
cidade de Formiga também teve uma outra passagem marcante, em meados dos anos
70, em um jogo contra o Vila Nova, apesar de toda a segurança que a cidade
fornecia ao visitante na época. Neste jogo o jogador João Cachorro após o
primeiro tempo de um jogo difícil ao ser implicado por um torcedor na beira do
campo desferiu nele um soco e correu para o vestiário. O detalhe é que os
jogadores para adentrar ao vestiário passava por baixo de onde ficava a torcida
formiguense. Alguns torcedores invadiram o local e começaram a bater na porta
do vestiário tentando abrir para brigar com o João Cachorro, nisso, cerca de 20
policiais vieram apaziguar e retirar os torcedores da porta do vestiário. Os
demais jogadores da AEB estavam assustados e surpresos com o fato ocorrido. A
polícia impediu os torcedores de se aproximar do vestiário e fez uma escolta
para os jogadores da AEB entrar ao campo para disputar o segundo tempo. A AEB
venceu o jogo e a torcida formiguense ficou mais enfurecida ainda. Para sair de
campo foi aquele sufoco. O Sr. Jaime Batista conta que fizeram uma escolta de
arma empunhada para os jogadores saírem do estádio, eles entraram nos carros e
foram escoltados pela polícia até a saída da cidade. Outras cidades como Ibiá e
Campos Altos, Campos Gerais também já foram cenários de brigas, das quais os
jogadores bambuienses tiveram que ser escoltados nos vestiários por policiais.
Confusão em Piumhi: Na
cidade de Piumhi, no ano de 1980, em um jogo contra o América outra confusão
marcante. Em um determinado lance da partida, um jogador do América partiu pra
cima do juiz que pertencia a Liga de Formiga e o jogador Jaci da AEB que estava
mais próximo deu uma voadora pra cima do jogador do América que começou a
agredir o juiz e formou a rodinha da confusão, só depois disso a polícia entrou
para controlar a situação. “A AEB tinha um time bão de bola e bom de briga, se
batia o pé ninguém corria assim não. Nós éramos loucos, a gente não era normal
não...jogar sem ganhar dinheiro, amistoso, correndo risco de levar um tiro,
mais valeu porque o esporte é bom, (...) é importante demais.” – Conta Sr.
Jaime Batista. Nesta partida a AEB novamente saiu vencedora pelo placar de 2 a 1.
Brigas internas, às vezes tinha alguma: Em
Bambuí, no ano de 1981, teve uma briga no vestiário antes da partida entre os
próprios jogadores da AEB. O João Cachorro começou a discutir e estapear um
jogador reserva do time, de repente o Jaci começou a dar ponta-pés no João pra
defender o outro rapaz e “o pau comeu no vestiário” como se diz na linguagem
popular. Para separar esse tumulto foi muito complicado e mesmo com essa briga
a AEB jogou e venceu, como se nada tivesse acontecido.
Capítulo XX
AEB x Atlético-MG de Telê: No dia 03 de setembro de 1988 a AEB enfrentou a
equipe do Clube Atlético Mineiro, treinada pelo extraordinário Telê Santana e
tomou a maior goleada de sua história. Na época este jogo estava em teste da
Loteria Esportiva e a notícia se espalhou pelo Brasil inteiro. Na região, a AEB
outrora tão gloriosa tournou-se alvo de chacotas. Até hoje na internet é
possível encontrar registros desta goleada histórica. O site “O Canto do Galo”
apresenta diversos detalhes da história do Atlético Mineiro e entre estes
registros há uma página dedicada a jogos históricos do clube na qual apresenta
um resumo da partida entre AEB e Atlético-MG.
Relatos do Estado de Minas sobre a goleada da década de 80: Em 1996 o time do Galo voltaria a Bambuí para disputar uma partida oficial pelo Campeonato Mineiro daquela época no Estádio Sinfrônio Tôrres e nesta época o jorna Estado de Minas do dia 21 de maio de 1996 trouxe um tópico intitulado “Cidade já viu goleada” na qual relata o histórico jogo entre AEB e Atlético-MG na década de 80. O repórter Jorge Luiz relatou a passagem com as seguintes palavras: “No dia 3 de setembro de 1988, o Atlético esteve em Bambuí com um time misto para um jogo amistoso. Venceu a Associação Esportiva Bambuiense por
Capítulo XXI
As mulheres paraninfas: Na
década de 80, em Bambuí e também em cidades da região havia uma tradição
conhecida como mulheres paraninfas. As mulheres também eram apaixonadas por
futebol nesta época e sempre estavam presentes na beira do gramado. Elizete
Saade nos conta que sempre que tinha jogo o pai Elias Saade sempre levava a
família toda para torcer, onde quer que fosse estavam todos sempre presentes.
Portanto, na maioria dos jogos sempre havia uma mulher acompanhando os
jogadores: namorada, esposa, filhas, mãe, irmã, estavam todas sempre na
torcida. E na final de cada campeonato a entrega de faixas era realizada pelas
mãos destas mulheres. As esposas ou namoradas, por exemplo, ficavam
responsáveis por agraciar seus amados com a gloriosa faixa de campeão ao final
do jogo. Estas mulheres ficaram conhecidas como paraninfas, pois era uma pessoa
que apadrinhava o jogador campeão lhe prestando uma homenagem no momento da
entrega das faixas. Após a entrega
das faixas a foto de campeão era tirada com todos os jogadores com a faixa no
peito ao lado de suas paraninfas, esta tradição deixou de existir pouco antes
do início da década de 90.
AEB 50 Anos: Completando meio século de vida, a Associação Esportiva Bambuiense realizou no dia 30 de Abril de 1989 as festividades abertas a toda a população bambuiense. A comissão organizadora do evento foi composta por José Souto, Paulo Aroldo, Antônio Mateus, Joaci Neto, Paulo Cezar e José Faria. O evento teve o apoio da prefeitura municipal de Bambuí, na época administrada por Antonino José Martins. As festividades começaram ao meio dia e tiveram partidas entre o time mirim da AEB e a Escolinha do Sinval (Campos Altos), Infantil do Zíngaro contra infantil de Campos Altos, Mirim da AEB x Mirim de Araxá e Infantil da AEB x Infantil de Araxá. Além destes jogos foram prestadas homenagens a ex-atletas do clube, ex-presidentes da AEB, aos familiares de Elias Saade, familiares de Sinfrônio Tôrres e ao Sr. Antônio Moreira.
Capítulo XXII
Após quase 30 anos Bambuí presencia novamente um jogo do Campeonato
Mineiro: No ano de 1996, sob a administração de Julio Urias Leite, os
torcedores bambuienses novamente puderam presenciar uma partida oficial do
Campeonato Mineiro da primeira divisão. Desta vez o Campeonato já era
reformulado nos moldes que conhecemos hoje com primeira divisão (Módulo I e II)
e segunda divisão. A briga para sediar um jogo do clube de BH no interior
começou a ser noticiada no dia 08 de maio de 1996 pelo jornal Diário da Tarde
que trazia um parágrafo dentro da reportagem sobre o Atlético-MG dizendo: “As cidades sem representante no Campeonato
Mineiro continuam interessadas em levar para lá jogos do Atlético. O clube
recebeu um convite de Coronel Fabriciano para fazer lá o jogo contra o
Democrata-GV, marcado para Governador Valadares. Em Bambuí também existe igual
interesse. Mais o Atletico ainda não respondeu, pois não quer correr riscos.”.
Na primeira fase do Campeonato Mineiro de 1996 haviam 13 clubes que se
enfrentavam em dois turnos, no sistema de pontos corridos. O campeão e o vice
de cada turno e as duas equipes com melhor índice técnico classificam-se para o
Hexagonal Final. O campeão de cada turno entra no Hexagonal Final com 1 ponto
de bonificação e se ganhasse os dois turnos entrava com 3 pontos de
bonificação. O Atlético-MG foi campeão do primeiro turno e terminou o returno
em quinto lugar. O Cruzeiro levou a melhor neste ano e venceu o campeonato após
a disputa do hexagonal por um ponto de diferença em relação ao arquirrival
alvinegro que terminou como vice-campeão. Neste ano, o técnico do Galo era
Procópio Cardoso e como time alvinegro já não tinha mais chances de vencer o
segundo turno resolveu realizar excursões pelo interior de Minas Gerais
disputando seus últimos jogos como mandante em cidades que não tinham times
disputando o campeonato mineiro. Esta idéia de fazer excursões no interior com
o time foi uma jogada de Marketing da diretoria naquela época com a intenção de
aproximar ainda mais o time dos torcedores do interior, que muitas das vezes
não tinham condições de irem a Belo Horizonte assistir a um jogo no estádio
Mineirão e com isso dar a chance das pessoas conhecerem os grandes jogadores
daquela época e conquistar mais torcedores para a apaixonada massa preto e
branco que já havia se formado em Minas Gerais naquela época.
Confirmado Rio Branco x Atlético-MG: O
campeonato mineiro de 1996 estava na reta final, no entanto o Atlético-MG
estava devendo um jogo válido pela terceira rodada do returno que havia sido
adiado pela Federação Mineira de Futebol (FMF). O empresário Paulo César
Tavares conseguiu fechar o jogo para ser realizado no estádio Sinfrônio Tôrres.
“O Atlético receberá R$ 2,5 mil, livres
de despesas de transporte e hospedagem na Escola Agrotécnica Federal. Por
concordar com a transferência do jogo, o Rio Branco receberá R$ 25 mil, mais
transporte e hospedagem no Hotel Brasil. Com as taxas da Federação Mineira e
gastos com publicidade e extras as despesas devem chegar a R$ 40 mil” –
relatou Paulo César Tavares ao jornal Estado de Minas, do dia 22 de maio de
1996. A maior cota foi paga ao Rio Branco, pois é quem tinha o mando de campo
na rodada e o jogo normalmente seria realizado na cidade de Andradas-MG.
Vistoria do Estádio Sinfrônio Tôrres e
liberação para a partida: O estádio foi vistoriado no dia 02 de maio de
1996 por uma comissão designada pela Federação Mineira de Futebol e recebeu
algumas observações para serem regularizadas para realização da partida. Esta
vistoria teve um custo de mil reais na época, pagos a FMF, conforme o Código
Tributário. No dia 17 de maio de 1996, o presidente da Liga Amadora Bambuiense,
Sr. Aloísio de Carvalho emitiu uma nota ao departamento técnico da FMF informando
que todas as irregularidades haviam sido sanadas, estando o estádio apto para
receber a partida.
Polêmica na véspera do jogo: O
empresário Paulo César Tavares havia combinado com o clube de BH que viesse os
jogadores titulares da equipe para a disputa deste jogo, entre eles o grande
goleiro Taffarel, além de jogadores como Cerezo, Doriva e Euller. Porém, na
semana do jogo uma notícia de que o Atlético viria para Bambuí com um time
reserva foi publicada com o título “Galo mostra apenas um titular em Bambuí” e
deixou Paulo César frustado. Já haviam sido vendidos cerca de 80% dos ingressos
e em entrevista ao jornal Estado de Minas no dia do jogo, 22 de maio de 1996
ele explicou: “O objetivo é divulgar
Bambuí e despertar os empresários locais para outras promoções arrojadas. A
perspectiva de sucesso era tão grande que, por medida de segurança a polícia
militar limitou em 3200 o total de ingressos, embora o estádio tenha capacidade
para quatro mil pessoas.”. O cronista e chargista Son Salvador também havia
falado sobre o assunto na sua coluna do jornal Diário da Tarde do dia anterior
(21 de Maio) com as seguintes palavras: “Quanto
ao jogo em Bambuí, durante o programa Replay, na TV Minas, conversei com o
presidente da Rádio WA, Paulo Sérgio, e pude testemunhar a seriedade com que
tratou da realização do jogo naquela cidade. O Galo simplesmente não está
assumindo o que combinou. Não levar o Taffarel será um desrespeito ao torcedor
de toda a região. Mais uma da diretoria atleticana! Esse caso está mal contado.
Dizer que o time ficará treinando não cola. A não ser que os jogadores não
tenham aceitado ir a Bambuí, a não ser que os titulares estejam condicionando a
viagem ao pagamento dos salários...Se o Taffarel fosse um jogador de
meio-campo, precisando aperfeiçoar o passe, ou se encaixar num esquema tático,
tudo bem, mas não é. Essa história do Galo tem dente de Coelho.”
A polêmica sobre o jogo continua: De
acordo com a reportagem publicada no Estado de Minas do dia 22 de maio de 1996,
pelo repórter Paulo Celso, o técnico Procópio Cardoso havia resolvido poupar os
jogadores titulares para a disputa do clássico contra o Cruzeiro na próxima
rodada e até mesmo o técnico seria substituído pelo interino Antônio Lacerda. O
jornal Diário da Tarde também publicou uma reportagem no caderno de esportes
intitulada “Apenas cumprindo tabela em Bambuí”, onde relatava sobre a decisão
de levar um time misto para a cidade. Na reportagem “Ausência de ídolos
decepciona torcida” de Jorge Luiz, neste mesmo dia o empresário Paulo César
Tavares protesta contra a atitude da diretoria do Atlético-MG: “Isso é uma falta de respeito com Bambuí. A
torcida está ameaçando apedrejar o estádio, caso o time seja anunciado pela
imprensa. Mais de 500 crianças já estiveram na casa do meu sogro, onde estou
hospedado na esperança de dar um abraço no Taffarel. Bambuí não merece isso.”
Capítulo XXIII
Misto do Atlético-MG
movimenta Bambuí: O time do Atlético-MG realmente foi um misto comandado
pelo técnico interino Antônio Lacerda. A cidade de Bambuí nunca havia
presenciado tanta movimentação de profissionais de rádio, TV e imprensa para
registrar o jogo. Estiveram presentes neste jogo a equipe de Fernando Sasso da
Rede Globo, a TV Minas fez a cobertura para as emissoras Record, Manchete e
SBT, estiveram presentes também narrando o jogo a equipe de Oswaldo Faria da
Rádio Itatiaia, a equipe de Valdir de Castro da Rádio Inconfidência, a equipe
de Lucélio Gomes da Rádio Cultura, além de equipes das rádios Metropolitana e
Mineira de BH, Rádio Vinícula de Andradas, Rádio Expresso de Campos Altos,
Rádio Cidade de Lagoa da Prata, Rádio Cidade AM de Bambuí, Rádio WA FM de
Bambuí e os repórteres e fotógrafos dos jornais Estado de Minas, Hoje em Dia,
Diário da Tarde e Bambuí. O time do Atlético-MG jogou com Hugo, Canela, Munayer
(Negretti), Alexandre, Daniel (Dedê), Éder Lopes, Carlos, Júlio César (Chicão),
Bruno, Silva e Cleiton. A equipe do Rio Branco de Andradas comandada pelo
técnico Caio Cambalhota jogou com Zé Luis, Marcinho, Ivan, Devair, Geraldo,
Wellison, Marquinho (Lico), Vantuir (Ferreti), Helbert, Altair e Wendel
(Adriano). O juiz que apitou a partida foi Raimundo Menezes de Carvalho e os
auxiliares Antônio de Oliveira Neto e Marcos Paulo Rodrigues.
Bambuí recebe Taffarel e assiste goleada
histórica: Os bambuienses presentes neste dia assistiram um verdadeiro show
de bola, com direito a goleada. O Atlético-MG jogou bonito e balançou as redes
no estádio Sinfrônio Tôrres por 6 vezes. O placar final foi de 6 a 1 e o
goleiro Taffarel, apesar de não jogar fez questão de viajar com o grupo para visitar
Bambuí. A diretoria do Galo informou que o atacante Euller não seria escalado
para o jogo por ter machucado o tornozelo direito na partida contra o
América-MG. Ézio ficou seis dias sem treinar e o armador Toninho Cerezo estava
sem condições legais na época do jogo foi adiado, portanto, também não poderia
entrar em campo, além do zagueiro Ronaldo que também desfalcou a equipe de
última hora por ter sofrido uma operação.
Capítulo XXIV
As manchetes de Bambuí: Na quinta-feira foi aquele alvoroço nas
bancas, todo mundo queria um exemplar dos jornais com a notícia marcante sobre
o jogo entre Atlético-MG e Rio Branco em Bambuí. Os bambuienses ficaram de olho
nos programas esportivos da TV para assistir as reportagens e tentar ver se
apareciam na telinha também. O jornal Estado de Minas trouxe estampado na sua
capa uma foto de Taffarel saudando a torcida bambuiense e colocou o título
“Galo em Bambuí”, a notícia gerou mais destaque do que a partida entre Brasil e
Croácia que havia jogado em Manaus como um teste pré-olímpico. No caderno de
esportes do Estado de Minas a reportagem principal do Atlético foi intitulada:
“Galo leva Bambuí à loucura” e um tópico “Taffarel é a surpresa”, ambas as
reportagens redigidas por Paulo Celso. O Jornal Diário da Tarde também estampou
sua capa com a foto da partida realizada em Bambuí e colocou como destaque no
seu caderno de esportes “Tarde de misto quente em Bambuí”, deixando também o
relato sobre o empate da seleção em Manaus como nota de segundo plano. A
reportagem completa do jogo foi intitulada “Quente é o misto: 6 a 1” e também
foi publicada pelo jornal Diário da Tarde do dia 23 de maio de 1996. A edição
de 15 de junho de 1996 do “Bambuí: O jornal” também trouxe o jogo estampado na
capa e uma reportagem especial.
Relatos sobre a alegria bambuiense: Na reportagem sobre o goleiro o repórter do Estado de Minas descreve: “O bambuiense esperou mais de uma década por um bom momento no futebol. Queria aplaudir o Atlético completo, mais se contentou com o time reserva que goleou o Rio Branco por 6 a 1. A festa começou as 11h30min, quando o ônibus com a delegação chegou ao trevo, na entrada da cidade. Uma carreata, buzinaço, foguetes e faixas anunciavam a chegada do time. Quando o goleiro Taffarel apareceu, uma loucura. Ele não estava no programa e foi incluído na delegação para não frustrar Bambuí. E não foram apenas as crianças que o abraçaram, beijaram, pediram autógrafos e tiraram fotos ao seu lado. Também os marmanjos e muitas mulheres. Com paciência o goleiro tetra-campeão brasileiro tratou todos com carinho e foi homenageado com uma placa de prata. Do trevo a delegação foi para a Escola Agrotécnica Federal, onde os jogadores almoçaram e descansaram. Uma hora antes do jogo foram para o estádio, sempre seguidos pela torcida e por um cachorrinho pequinês, vestido com uma mini-camisa do Atlético. Às 14h, o Sinfrônio Tôrres já estava lotado. Taffarel apareceu de novo, acenou para o público, que correspondeu plenamente e posou para mais fotos. Quando o jogo acabou, os torcedores fizeram um apelo: que o Atlético volte o mais rápido possível e que dê a Bambuí outro presente”.
Capítulo XXV
O jogo relatado pelo Diário da
Tarde: “Mesmo sem seus principais
titulares, o Atlético mostrou personalidade e partiu para cima do adversário. O
primeiro gol aconteceu aos 12 minutos. O lateral-esquerdo Daniel subiu em
apoio, recebeu a bola e chutou forte de perna esquerda. Dois minutos depois, o
Atlético ampliou a vantagem, com méritos para Daniel que cruzou para Clayton
chutar de perna direita. O Rio Branco tentou reagir e conseguiu marcar um gol
aos 43 minutos, através de Altair, aproveitando um passe de calcanhar, de
Helbert. O Atlético voltou para o segundo tempo ainda mais disposto e foi
construindo a goleada sobre o Rio Branco. Aos 11 minutos, Silva fez uma jogada
de força pela esquerda, recuperando a bola, e cruzou para Bruno acertar uma
cabeçada: 3 a
1. O jogo era corrido e aberto e por isso, o Atlético encontrou espaços para
continuar atacando. Aos 24 minutos, Júlio César marcou o quarto gol, de cabeça,
aproveitando um rebote do goleiro Zé Luiz, que não conseguiu segurar um chute
de Silva. Aos 32 minutos, o Atlético marcou o quinto gol, através do volante
Carlos, que aproveitou um cruzamento de Júlio César e tocou sem chances para Zé
Luiz. O sexto e ultimo gol foi marcado por Silva, aos 39 minutos. O goleiro
Hugo defendeu um pênalti cobrado por Helbert”. A renda do jogo foi de R$
19160,00 e foi registrado 2016 pagantes, segundo dados deste jornal.
A critica de Son Salvador: Na edição do
dia 23 de maio de 1996 o colunista do Diário da Tarde comentou sobre o jogo em
Bambuí: “Mais o time misto fez bonito em Bambuí. Deu um
chocolate no Rio Branco, fez 6 gols e poderia ter feito mais uns 5. Enquanto os
titulares ficaram treinando em Belo Horizonte , os reservas aproveitaram para
mostrar que estão jogando muito. Se compararmos o ataque de Bambuí com o que
vem jogando, veremos que os reservas são mais impetuosos. Mais é aquela
história, time reserva não tem tempo para fase ruim. Espera uma chance e chega
junto. O Silva voltou a marcar, parece que se derem chance ao rapaz ele
engrena. Tem vontade e não perde tempo caindo e reclamando do árbitro. E
domingo? Será que veremos um jogo entre times mistos? Ou será que os titulares
estarão na reabertura do Mineirão? A verdade é que a partida serve apenas para
cumprir tabela, a atração maior será a rivalidade, esta, será bem menor se um
dos clubes entrar com o time reserva.”
Outras repercussões do jogo do Galo em
Bambuí: Também no jornal Diário da Tarde, o colunista Márcio Renato, que
tinha uma coluna chamada “Contra-Ataque” alfinetou a diretoria atleticana por
levar um time misto ao interior dizendo: “...A
exemplo do que já havia acontecido em Barbacena, os torcedores de Bambuí tem
também toda a razão ao protestar contra a decisão da diretoria de mandar um
time reserva para o jogo de hoje, naquela cidade contra o Rio Branco. Pior
ainda que em Barbacena, onde simplesmente desmarcaram a partida contra a
Caldense. Em Bambuí mandaram um time reserva. E onde vai parar o respeito pelo
torcedor? ”. Em junho deste mesmo ano, o jornal Estado de Minas publicou no
espaço “Cartas a Redação” uma mensagem de agradecimento do empresário Paulo
César Tavares pela cobertura do evento antes e depois da partida, que
contribuíram amplamente para a divulgação da cidade em âmbito estadual e até
mesmo nacional. No dia 03 de junho de 1996, o Sr. Paulo César Tavares recebeu
uma carta de reconhecimento do Rotary Club que homenageou o então presidente da
Rádio WA FM (atual Rádio Sucesso FM) pelo evento realizado e pela divulgação da
cidade na mídia e nos veículos impressos de comunicação.
Capítulo XXVI
Cruzeiro E.C. em Bambuí: No
início de agosto de 1996, o jornal Estado de Minas publicou uma notícia sobre o
Cruzeiro E.C. onde havia um parágrafo dizendo que o time celeste estava
planejando fazer uma partida amistosa no interior do estado antes de estrear no
campeonato brasileiro daquele ano, contra a equipe do Internacional de Porto
Alegre. A notícia chamou a atenção do diretor da Rádio WA FM, Paulo César
Tavares, que com seu espírito empreendedor e novamente com a oportunidade de
divulgar o nome de Bambuí na mídia entrou em contato com a diretoria da raposa
para marcar um amistoso entre o Cruzeiro e uma seleção de jogadores do
município de Bambuí, que seria realizado no estádio Sinfrônio Tôrres. No dia 08
de agosto, na reportagem intitulada “Culpi pede Luisão”, do caderno esportivo
do Estado de Minas veio a confirmação da partida que seria realizada em Bambuí.
Nesta mesma oportunidade a AEB firmou uma parceria com o clube da capital para
instalação de uma escolinha do cruzeiro noticiada também por outra edição do
Estado de Minas: “Domingo, às 16 horas, o
time fará um jogo-treino contra uma seleção de Bambuí, no estádio Sinfrônio
Tôrres, com capacidade para 4500 pessoas. O Cruzeiro receberá uma cota de R$ 20
mil livres de despesas e ficará hospedado na Escola Agrotécnica Federal. O
volante Douglas, ex-Cruzeiro, pode atuar pela seleção de Bambuí. A Liga desta
cidade terá uma escolinha com cerca de 200 garotos, através de franquia com o
Cruzeiro. Periodicamente o departamento amador do clube visitará o local para
fazer uma triagem. ”
Campeão celeste enfrenta Seleção de Bambuí:
O time do Cruzeiro já havia conquistado o Campeonato Mineiro e a Copa do
Brasil no ano de 1996, quando esteve em Bambuí para realizar este amistoso
preparatório para o início do Campeonato Mineiro. O jogo foi realizado no dia
11 de agosto e foi noticiado na capa do Estado de Minas com o título “Cruzeiro
joga em Bambuí”. Na manchete de capa dizia: “Bambuí faz a festa hoje para receber o time do Cruzeiro que, a partir
das 16 h, enfrenta uma seleção regional no estádio Sinfrônio Tôrres. O Técnico
Levir Culpi leva o que tem de melhor, inclusive o armador Leto, o volante
Luisão e o zagueiro João Carlos, contratados para o Campeonato Brasileiro”.
Nesta mesma edição do jornal, o cronista Arnaldo Viana em sua coluna fala sobre
o jogo, a presença das grandes estrelas do time e do goleiro Dida, que havia
atuado pela seleção olímpica na época.
Capítulo XXVII
Seleção de Bambuí 1 x 5 Cruzeiro E.C.: A
seleção de Bambuí comandada pelo técnico Félix atuou com Josimar
(Alexandre), Pepeto (Viola), William, Marrom, Baiano, Zamata, Tom,
Alexandre (Sandrinho), Zé Maurício (Gláucio), Cleomar (Ligeirinho)
e Negretinho. O Cruzeiro comandado por Levi Culpi jogou com Dida,
Vitor (Marcos Teixeira), Jean, Célio Lúcio (João Carlos), Ronaldo
Luiz, Donizete, Ricardinho (Luiz Fernando), Palhinha (Leto), Ailton,
Cleisson, Roberto Gaúcho (Luisão).
Os relatos da partida: Mais uma vez Bambuí foi destaque nas
capas dos jornais de Minas Gerais pelo jogo do Cruzeiro na cidade. O
Estado de Minas do dia 12 de agosto de 1996 que trazia na capa
“Cruzeiro goleia seleção de Bambuí”, publicou no caderno de
esportes a matéria intitulada “Bambuí festeja Cruzeiro”, onde
foi destacada a boa atuação da equipe celeste frente a seleção
bambuiense: “O ataque do Cruzeiro começou quente a preparação
para o Campeonato Brasileiro. Ontem à tarde, o time goleou a seleção
de Bambuí por 5 a 1, mostrando que está no caminho certo para a
estréia contra o Internacional, no próximo domingo, em Porto
Alegre. O Cruzeiro abriu a contagem aos 16 min, numa cabeçada de
Roberto Gaúcho, depois de um lançamento de Vitor. Ailton também de
cabeça, fez 2 a 0, aos 28 minutos. Cleisson marcou aos 30min e Luiz
Fernando aos 38 e 43min do segundo tempo. Ligeirinho marcou para a
seleção, aos 33min, num descuido do lateral Marcos Teixeira. Ele
atrasou a bola de cabeça e o atacante chegou por trás, tocando
rasteiro na saída de Dida...”. Os jogadores João Carlos, Leto
e Luisão, contratados recentemente pela Raposa fizeram a sua estréia
em Bambuí, neste jogo treino. O Técnico Levir Culpi colocou eles
para atuarem no segundo tempo do jogo. Como era um jogo-treino foi
acordado a possibilidade de realizar cinco substituições e o
torcedor bambuiense pode ver a atuação dos destaques do cruzeiro em
campo.
Capítulo XXVIII
Na edição
de abril da nossa coluna esportiva relatamos sobre a partida que aconteceu
entra a seleção de Bambuí e o time do Cruzeiro Esporte Clube, de Belo
Horizonte, no ano de 1996, no Estádio Sinfrônio Tôrres. Nessa edição, vamos terminar
de contar essa incrível história destacando as manchetes dos jornais da época
que cobriram a disputa entre os times na cidade de Bambuí. Além disso, nessa
edição vamos apresentar uma nova história importantíssima do futebol
bambuiense, você sabia que a seleção brasileira feminina de futebol já esteve
em nossa cidade? Não conhece essa história, então leia e se divirta, na próxima
edição tem mais!
As manchetes do Cruzeiro em Bambuí: O
Jornal Diário da Tarde também destacou na primeira página e publicou a
reportagem “Cruzeiro goleia a seleção de Bambuí por 5 a 1” e o cronista Marco
Antônio Brandão que escrevia a coluna esportiva denominada “Rápido e Rasteiro”
destacou a preparação do time de BH através do jogo treino em Bambuí dizendo
ser importante este tipo de jogo para entrosar mais os jogadores que estavam
voltando de férias.
A possibilidade de Bambuí receber a Seleção
Brasileira feminina: O ano de 1996 foi um marco fantástico para o torcedor
bambuiense. Após ter a oportunidade de conhecer astros do Atlético-MG e do
Cruzeiro, havia rumores na cidade de que a seleção brasileira feminina de
futebol poderia vir ao município disputar um jogo amistoso.
Conhecendo um pouco da história da Seleção
Brasileira feminina de futebol: A Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
convocou “oficialmente” pela primeira vez a Seleção Feminina em 1988. A
modalidade se resumia a poucos times do Rio de Janeiro, liderados pelo Radar,
que de 18 jogadoras convocadas, cedeu 16 jogadoras para os primeiros jogos da
Seleção. Em 1991 a Seleção Brasileira
disputou o Sul Americano em Maringá e classificou-se para o Mundial na China,
que seria disputado em junho. O presidente do Radar e chefe da delegação Eurico
Lira, tirou do próprio bolso os gastos daquela competição, já que a CBF não
liberou verba para cobrir 3,5 milhões de cruzados de gastos previstos para a
competição. Na época Eurico chegou a dizer que fez isso porque ou “decretava a
morte dessa modalidade ou impulsionava”. No ano de 1996, nas olimpíadas de
Atlanta, a seleção feminina de futebol conseguiu a medalha de bronze.
AEB é destaque no Estado de Minas pelo jogo
contra Seleção Brasileira feminina: No jornal Estado de Minas, de 14 de
novembro de 1996 foi publicada a matéria com o título “Jogo inusitado em
Bambuí”, onde foi redigido de forma detalhada este momento histórico do futebol
de nossa cidade e que marcou a memória dos Bambuienses apaixonados por futebol.
O jornal relatou este evento com as seguintes palavras: “A Seleção Brasileira feminina de futebol, que conquistou a medalha de
bronze nas olimpíadas de Atlanta (EUA), joga amanhã (feriado) em Bambuí contra
a equipe masculina de veteranos da Associação Esportiva Bambuiense. A partida
começará as 17 horas no Estádio Sinfrônio Tôrres – que tem capacidade para 4,5
mil pessoas. A promoção é da AEB (José Souto), Padaria São José (Eugênio
Bahia), Esma, Rádio Cidade e da Rádio WA (Paulo César). O ingresso tem preço
único de R$ 5,00 e haverá sorteio de um brinde especial durante o jogo,
oferecido pela WA FM.(...). Na Seleção Brasileira estão confirmadas as estrelas
Meg, Pretinha, Susy, Fanta e Pelezinha, dirigidas pelo técnico Zé Duarte, que
já trabalhou em grandes clubes do futebol brasileiro, inclusive Cruzeiro e
Uberlândia, e do exterior. Nos veteranos Geraldão, José Cláudio, Morgado,
Rogério, entre outros”.
Capítulo XXIX
AEB 3 x 1 Seleção Brasileira feminina: Os time de veteranos
da AEB enfrentaram a Seleção Brasileira Feminina, medalha de bronze nas
olimpíadas de Atlanta 1996, no dia 15 de
Novembro e fizeram uma grande partida vencendo as garotas pelo placar de 3 x 1.
Os gols da AEB foram marcados por Odilon e dois de Butininha. A AEB vencia por
3 a 0, mais a Seleção Brasileira não podia passar em branco e descontou com
Pretinha, fechando o placar final. Os bambuienses ficaram atônitos com o
resultado e fizeram uma grande festa.
Parceria entre AEB e Atlético-MG: No
ano de 1998 por meio do presidente Paulo César Tavares foi firmada uma grande
parceria entre AEB e o Atlético-MG de Belo Horizonte. O clube bambuiense
adquiriu uma franquia para instalação da “Escolinha do Galo” na cidade de
Bambuí, que funcionaria em parceria com a AEB, sendo sediada no estádio
Sinfrônio Tôrres. O contrato foi assinado no dia 23 de março de 1998, tendo
validade por 36 meses. A AEB passou a ser uma detentora da marca Clube Atlético
Mineiro para a divulgação e implantação da escolinha. A AEB era isenta de
qualquer pagamento mensal ao Galo, entretanto toda a logística de funcionamento
e material era de responsabilidade do clube bambuiense. A previsão era de
funcionamento para sete categorias de base: chupetinha (5 a 6 anos); fraudinha
(07 a 08 anos); pré-mirim (09 a 11 anos); mirim (12 a 13 anos); infantil (14 a
15 anos); juvenil (16 a 17 anos) e juniores (17 a 20 anos).
A criação da Escolinha da AEB: A
parceria entre AEB e Atlético-MG não foi muito duradoura. O uso da marca
“Escolinha do Galo” não causou o impacto desejado e como o clube alvi-celeste
estava atuando praticamente com as próprias pernas decidiu rescindir a parceria
com o time alvinegro de BH e instalar uma escolinha própria. No dia 30 de julho
de 1998 foi criada a Escolinha da AEB que tinha como diretores: Amil Antônio
Costa, João Isidoro Martins, Geraldo Judas Tadeu Campos e Joadelívio Silva. O
presidente Paulo César Tavares por meio da AEB firmou contrato com os responsáveis
pela escolinha de forma a autorizar uma administração paralela à direção geral
da AEB, dando plenos poderes para independência administrativa da escolinha. A
AEB ficou obrigada a ceder um técnico remunerado para treinar os jovens
talentos bambuienses da época, além de fornecer a escolinha a infraestrutura
necessária para o bom funcionamento. Nenhum integrante da escolinha mantinha
qualquer espécie de vínculo empregatício no clube alvi-celeste, apenas eram
responsáveis pela coordenação e organização da escolinha.
Capítulo XXX
Comemoração de 60 anos da AEB: No dia 24 de abril de 1999, sob
a administração de Paulo Cezar Tavares a AEB promoveu uma grande festa para
comemorar os 60 anos do clube. Foram programados a realização de jogos com as
equipes masculina e feminina da base do Cruzeiro E.C. e um festival com clubes
da cidade. O feito foi noticiado na edição do dia 24 do Estado de Minas e no
jornal O Centenário. O evento começou pela manhã com o jogo entre Zíngaro e
Guajajaras, no estádio Sinfrônio Tôrres. Após a partida foi realizada a
inauguração da placa comemorativa e homenagem a pessoas importantes que
marcaram a história da AEB.
Grandes jogos marcaram os 60 anos da AEB: As
festividades foram destacadas pelo Jornal de Bambuí do dia 07 de maio de 1999
como uma “festa de gala” e que além de promover a diversão para os bambuienses
ainda teve um caráter solidário, visto que a renda foi revertida para entidades
assistenciais na época. Durante as comemorações do sexagenário da AEB foi
realizado um torneio entre as equipes de Bambuí na qual o time do Lava-Pés
levou o título após vencer a equipe da AEB por 3 a 1. A escolinha da AEB –
categoria 11 anos venceu o Cruzeiro E.C. de Belo Horizonte por 4 a 1 e deixou a
torcida emocionada com a sua atuação. Os pequenos jogadores fizeram uma partida
brilhante. No futebol feminino não teve jeito, o time do Cruzeiro deu um show
de bola e venceu o time da AEB por 10 a 0, a maior goleada que um time feminino
da AEB levou em sua história. Este time feminino da AEB na época estava cotado
para disputar o Campeonato Estadual feminino. A goleada para o time do Cruzeiro
levou a diretoria a repensar se valia a pena entrar na disputa, pois seria
necessário trabalhar com maior intensidade tanto a parte física quanto técnica.
No dia 25 de abril de 1999, as festividades continuaram com os jogos entre AEB
e Escolinha de Divinópolis (EDiv), treinada na época pelo técnico Cará
(ex-jogador da AEB). O resultado dos jogos foram: Categoria 11 anos - AEB 6 x 0
EDiv.; Categoria 12/13 anos: AEB 1 x 1 EDiv.; Categoria 14/15 anos – AEB 3 x 1
EDiv. e Categoria 16 anos perdeu pelo placar magro de 1 a 0. O time do
Guajajaras também abrilhantou a festa com a sua categoria Infanto-juvenil em
jogo disputadíssimo contra o time da mesma categoria da AEB, que terminou com
empate sem gols.
Capítulo XXXI
AEB e Galo retomam parceria: Em
1996, Paulo César Tavares já havia recebido da diretoria do Cruzeiro E.C. uma
carta sobre a inauguração de escolinhas do Cruzeiro nas cidades do interior,
por meio de parcerias com clubes amadores que se interessassem na proposta. A
idéia parecia interessante mais não foi implantada naquele momento. No ano de
1998 a tentativa de trazer a escolinha de um grande clube da capital para
Bambuí teve um resultado abaixo do esperado. A escolinha da AEB implantada
posteriormente teve um melhor desenvolvimento e no dia 03 de setembro de 1999,
os senhores Amil Antônio da Costa e Bolívar João Soares passaram a representar
a Escolinha do Atlético-MG firmando novamente uma parceria com a AEB até o ano
de 2002. Atualmente a AEB possui sua própria escolinha em pleno funcionamento,
comandada pelo professor Hérlon Teles.
AEB x América-MG: O time júnior do
América-MG esteve em Bambuí no ano de 2005 para fazer uma partida amistosa
contra os veteranos da AEB. Foi uma grande atração para a cidade que a muito
tempo não vivenciava um jogo com times profissionais. O último jogo havia sido
aquele contra o Cruzeiro no ano de 1999. Neste jogo o Coelho levou a melhor e
venceu o Tatu-Canastra pelo placar de 3 a 0. O América-MG jogou com Daniel,
Marcelo, Raul, Marcos, Franco, Moisés, Davi, Hugo, Rafael, Henrique e Maranhão.
O técnico que comandou a equipe nesta época foi Leonardo Conde. O time da AEB
jogou com Zé Maurício, João Paulo, Reinaldo, Max, Marlúcio, Adilson, Michel,
Canigia, Beto, Carlinhos, Robertinho, Piolho, Biro-Biro, Willinha, Barrerito,
China, Galinha, Zé Luis e Batatinha. O treinador da AEB neste jogo foi o
ex-jogador Butininha. O time do América-MG começou o jogo partindo pra cima e
buscando a vitória, a torcida bambuiense compareceu em bom número ao estádio,
cerca de mil pessoas presenciaram a partida contra o Coelhão de BH. Os gols
foram marcados por Maranhão, Hugo e Henrique.
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Agradecemos ao Sr. Lindiomar J. Silva pela sua
colaboração e autorização para que pudesse reproduzir parte da história da AEB relatada em seu livro "Bambuí nas trilhas da Picada de Goiaz", compondo os capítulos I e II da história divulgada pelo Canastra Esporte Clube. Ao Frederico de Miranda Carvalho que nos presenteou com um Acervo digital da AEB, em CD, editado
por Arley de Paula Martins e Prefeitura Municipal de Bambuí, em 2005. À Elizete Maria Saade pelo seu
depoimento e suas contribuições. Ao Sr. Manuel Lauri Chaves pelas fotos de seu acervo e
a Nancy Neide F. que gentilmente autorizou a compilação de fotos e comentários
da página “Bambuí Fotos Memórias”. Agradecemos à José Sudário Júnior, João José Chaves, Jaime Batista, Napoleão Dias, Yassca Pimentel e Sr. Natanael (Bairro Campos) pela disponibilização do seu acervo fotográfico e pelos depoimentos. Agradecemos ao Sr. Paulo César Tavares, pelo acervo fotográfico e arquivos pessoais que nos foi disponibilizado.
** Os capítulos da História da Associação Esportiva Bambuiense (AEB) apresentadas nesse site foram publicadas em jornais impressos que circulam no município de Bambuí. Os capítulos 1 a 31 foram publicados em parceria com o Jornal da Canastra até outubro de 2015. Atualmente, a coluna do Canastra Esporte Clube está sendo publicada no Jornal Cotidiano, veículo impresso que circula em mais de 50 cidades brasileiras. Todos os direitos autorais são reservados, solicitamos por gentileza, citar a fonte ao utilizar esse material.
*** A História da AEB publicada pelo Canastra Esporte Clube também está sendo reproduzida pelo site História do Futebol, do pesquisador esportivo Sérgio Mello e pela TV Bambuí. Além disso, somos referência de informação para o site Futebol Nacional.