Capítulo I

Dr. Jandir Chaves
     Como surgiu o primeiro time: Em 1953, com anuência do presidente da Associação Esportiva Bambuiense (AEB), Sr. Elias Saad foi realizado o primeiro Campeonato Municipal no campo da AEB, com portões abertos para todos os amantes do futebol pudessem assistir os jogos e se divertir nas tardes de sábado. Havia três times na época, um denominado de Cerradinho, Time da Praça (Centro) e o Gabiroba. Naquela época havia a tradição das rainhas de cada time, algo parecido com a Musa do Time, existente nos dias atuais. A rainha do Cerradinho era Dalva Maria Dias, do Centro era Ivete Franco e do Gabiroba a Sra. Zazita. O Cerradinho foi a primeira formação do Zíngaro.
      Campeonato Municipal de 1954: No ano seguinte, o Sr. Elias Saad promoveu um campeonato de futebol dividindo a cidade de Bambuí em quatro partes. Do Córrego das Almas em direção ao bairro Cerrado foi montado um time com nome de “Combinado do Dr. Jandir Chaves” que representaria essa região da cidade. Da estação férrea em direção ao antigo Colégio Agrícola seria representado pelo time do “Lava-Pés”. A região da linha em direção a saída da cidade para a Rodovia BR 354 seria representada pelo time dos “Açudes” e haveria ainda o time do “Centro de Bambuí”. Os jogadores da AEB não poderiam jogar para nenhum desses times, considerados “Times de Bairro”, tendo em vista que o clube celeste do centro da cidade havia adquirido certo status por disputar jogos amistosos com grandes equipes como Atlético - MG, Canto do Rio - RJ, Cruzeiro - MG, Flamengo-RJ, Guarani de Divinópolis – MG, Vasco da Gama-RJ, Sobradinho-DF, entre outras. Além disso, o time da AEB, que hoje é representada pela mascote Tatu-Canastra almejava trilhar os caminhos do profissionalismo e disputar o Campeonato Mineiro da Segunda Divisão. 

Capítulo II


         Nascendo com as Taças na Mão: O time que levou o nome de Cerradinho foi o primeiro Campeão Municipal em 1953. Em relatos de Dalva Maria Dias ela conta que “(...) A disputa foi esquentando. Com os portões abertos, a população do Cerrado, da Praça e da Gabiroba se entusiasmou tanto, que se via presente, no campo da AEB, pessoas que nunca se preocuparam com futebol. Resultado: O Cerradinho sagrou-se campeão (...)”. No ano seguinte, o time que levou o nome de “Combinado do Dr. Jandir Chaves” formado pelos jogadores Bigorna, Betinho, Totônio do Juca Henrique, Tira Gosto, Valdico, Fão do Belo, Redondo, Pachola, José Gui, Tiriri, Musquitinho, Ivá, Dux, Vicente Galvão e Eli Leandro sagrou-se “Bicampeão Municipal de 1954”. Dalva Maria Dias descreve que “(...) O presidente da AEB, no 2º jogo Combinado Dr. Jandir, fechou os portões e cobrou o ingresso daí pra frente. Mesmo assim, a torcida era forte, o campo sempre lotado. O Zíngaro não perdeu no campo da AEB campeonato algum. Foram cinco. (...)”.Começava então a rivalidade entre Zíngaro x AEB, dois times que não jogavam entre si, mas que a torcida de um não se misturava com o outro. Uma rivalidade no estilo Atlético Mineiro x Flamengo - RJ, onde uma torcida vibra com a derrota do adversário, independente se jogava contra. No ano seguinte, passou a chamar oficialmente Zíngaro, após eleger a primeira Diretoria e oficializar a fundação de um clube de futebol. Mal sabia aqueles atletas que esses primeiros torneios disputados com tanto “pé-quente” daria origem a uma dos times mais gloriosos e com a torcida mais fanática da cidade de Bambuí-MG.



Capítulo III


Origem do nome e do escudo do time: Ainda no ano de 1954, o time juvenil da Associação Esportiva Bambuiense (AEB) disputou um amistoso com um time chamado Zíngaro Futebol Clube, de Itaúna-MG. A partida terminou empatada, sem gols. O time de Itaúna trajava uniforme todo vermelho, inclusive calção e meias e seu escudo era redondo, com a letra “Z” bordada no meio. De acordo com Charles Aquino, do site Itaúna Décadas, o time do Zíngaro de Itaúna dos anos 50 era formado pelos jogadores Zé Ribeiro, Paulino, Élio Brexo, Luiz Guaraciaba, Zezé do Frederico, Mocota, Raimundo Diniz (goleiro), Mário Penido, Alemão, Osvaldinho, Guilherme Corradi, Vicentino, Coréia e Vander Tavares. Provavelmente foi essa a formação de atletas que atuou contra o time da AEB naquela época. Os jogadores do time do “Combinado do Dr. Jandir Chaves” que até então não haviam adotado um nome oficial para representar aquela ala de Bambuí, que englobava mais de um bairro gostaram do nome “Zíngaro”, sugerido por João Bahia Guimarães (Zizico Samuel) e Antônio José Vieira (Tiriri) inspirado nesse time de Itaúna e resolveram fundar oficialmente um clube de futebol bambuiense com essa denominação.Segundo relatos de Vânia Magalhães Guimarães Mendonça, seu pai, Sr. Zizico Samuel teve um motivo a mais para o nome: “(...) ele escolheu Zíngaro porque significa "cigano" em espanhol, e as pessoas do centro gostavam de chamar o pessoal do cerrado de ciganos (...)”.



            Na primeira vez que o time utilizou o uniforme contendo uma letra que parecia ser um “Z” com uma coroa amarela, algumas pessoas pensaram ser um simbolismo representando um “S” invertido, dado que na época utilizava-se a grafia “Serrado” para escrever o nome do Bairro, como pode ser visto em algumas edições de jornais locais da época. No entanto, relatos históricos da primeira Rainha do time quadricolor registram que “(...) A rainha Dalva Maria Dias, com seu entusiasmo, que muito animava os jovens, arrumou um novo jogo de camisas com um escudo idealizado por ela, com a letra Z no peito, e o Cerradinho passou a chamar-se ZÍNGARO. A letra poderá, também, significar ZEUS, que na mitologia grega, seria Deus dos Deuses. Mas todos os dias ao meio dia, na Igreja Matriz, na hora do Ângelus, o prefixo era a música Zíngara que chamava a atenção dos ouvintes para a oração. E sempre depois de uma nova disputa, a rainha escrevia uma crônica comentando o último jogo, e a torcida organizada prestava muita atenção (...)”. Existe também uma versão de que a escolha do nome do clube de futebol foi reforçado quando uma tribo de ciganos que vendiam um perfume com nome de Zíngaro passaram pelo município de Bambuí. O escudo do time, da forma como conhecemos hoje foi criado pelo artista plástico Gilberto do Sebastiãozinho, que também era torcedor fanático do time do Cerrado e atuou como treinador das categorias de base durante muitos anos.

Capítulo IV


         Significado dos elementos e cores do escudo do Zíngaro e suas variações: O escudo do Zíngaro tem um formato diferenciado compreendendo curvas, arestas e linhas retas, totalmente distintas de outros formatos adotados por clubes do futebol brasileiro. A coroa amarela simboliza a supremacia e o reinado de quem nasceu pra ser campeão. As cinco estrelas dentro da coroa simbolizam o pentacampeonato municipal conquistado entre os anos de 1953 a 1957, no campo da AEB. A cor amarela da letra Z e da coroa simboliza o ouro carregado pelos campeões nas medalhas e troféus e o fundo vermelho simboliza a cor do solo avermelhado típico do Bioma Cerrado da região de Bambuí, que dera nome ao bairro. O escudo principal tem o fundo avermelhado com a letra e coroa amarela, mas também pode assumir variações com fundo branco, preto ou amarelo, dependendo do estilo do uniforme adotado pelo clube, sempre respeitando as quatro cores oficiais do Zíngaro. Uma curiosidade é que por algumas vezes, a parte de dentro do escudo do time foi alterada substituindo a letra Z pelo nome “Cerrado” para a disputa dos Campeonatos de Bairro de Bambuí, onde seria aceito a participação apenas de times de bairro e não de clubes como AEB e Zíngaro. Como o Zíngaro sempre foi o time de coração do bairro Cerrado, os mesmos jogadores que compunham o elenco do Lobo do Cerrado disputavam o Campeonato de Bairro com uniforme similar ao do Zíngaro, mas usando o nome do bairro que representavam e as mesmas cores. O clube também, por algumas vezes, já utilizou uniformes que não apresentava o escudo no lado esquerdo do peito, mas que levavam as cores do clube ou seu nome por extenso nas costas.




Capítulo V


Fundação Oficial do Clube de Futebol: No dia 10 de julho de 1955, reuniu-se na casa do Sr. Juca Henrique, pai do Desembargador José Fernandes, diversos desportistas bambuienses, com a finalidade de transformar aquele time bicampeão em um clube de futebol, que mal sabiam eles, incomodaria muita gente, o que daria ao clube o futuro slogan de “O mais amado e o mais perseguido!”. A data de 10 de julho marca também o aniversário de emancipação de Bambuí, pode ser que aqueles amantes do futebol reuniram-se naquela tarde para aproveitar o feriado ou apenas estrategicamente para associar a uma data importante do calendário local que dificilmente seria esquecida. A ata de fundação, escrita a mão e com uma letra de belo traço denomina pela primeira vez de Zíngaro Atlético Clubaquele que seria o representante do Bairro Cerrado.


         Primeira Diretoria do Zíngaro: A ata de fundação do clube, além de oficializar o nome, traz a formação da primeira estrutura diretora que seria composta por um presidente de honra, seus respectivos presidente e vice, quatro cargos administrativos, quatro cargos técnico-desportivo, um cargo de zelador e a formação do Conselho Consultivo. Na primeira página do livro, onde fora registrada essa ata, está o seguinte relato histórico: “(...) Aos 10 dias do mês de julho de 1.955, às 13 horas, na residência do snr. José Fernandes da Silva, nesta cidade, presentes grande número de desportistas e pessôas gradas, reuniu-se afim de eleger a sua primeira diretoria do “Z.A.C.”. A proposta foi apresentada pelos desportistas: Antônio José Vieira, Antônio Fernandes da Silva, José Gui Leandro, Geraldo dos Santos Parreira e Cezário Campos, a chapa abaixo para reger os seus destinos até 10 de julho de 1.957, que é a seguinte: Presidente de Honra - Dr. Jandir Chaves; Presidente – João Bahia Guimarães; Vice-Presidente - Anibal Maia Filho; 1º Secretário – Antônio José Vieira; 2º Secretário – Eli Leandro; 1º Tesoureiro – Hernani Mourão; 2º Tesoureiro – José Maria Mourão; Diretor Esportivo – Antônio Fernandes da Silva; Diretor Técnico – Geraldo Campos; Superintendente Técnico – Cezário Campos; Conselho Consultivo: Antônio Marques da Silva, Sidbad Bahia, Fábio Santos, Nestôr Carlos, Clarindo Otaviano Dias e Nelson Naves; Massagista: Benito Xavier da Fonseca; Zelador: Antônio de Souza. Sendo esta indicação por uma ruidosa salva de palmas aprovada unanimente (...)”

Capítulo VI


Aprovação da diretoria e dos sócios: A ata de fundação segue com as seguintes palavras: “(...) Pêlo presidente foi dito que a simples assinatura desta ata importa na posse dos cargos dos respectivos eleitos, e de todos que compareceram e que fazem parte do quadro de sócios do “Z.A.C.”, sendo ainda aprovado os mascotes, Elo Sandro Marques, Cláudio Rosário Mourão e Pedro Luiz Dias”. A ata é finalizada com a assinatura de 42 pessoas presentes, entre eleitos para atuar na Diretoria e presentes que se associaram ao clube.

Mais Títulos após a fundação oficial: Após a fundação oficial e criação da primeira estrutura administrativa e desportiva, aqueles jovens desportistas continuaram treinando e encantando a população do Cerrado. A torcida aumentava a cada dia. O primeiro Campeonato Municipal que a equipe disputou com o nome oficial de Zíngaro Atlético Clube foi no mesmo ano da sua fundação registrada em ata, ou seja, meados de 1955. Aquele time parecia ter nascido imbatível e conquistou os campeonatos de 1955, 1956 e 1957, com maestria. O Zíngaro tornara-se pentacampeão municipal em um “piscar de olhos” dentro das dependências da AEB. As ruas de Bambuí nunca estiveram tão agitadas pelas comemorações e festas que a torcida fazia pelas ruas do Centro da cidade rumo ao Bairro Cerrado, comemorando mais uma vez a hegemonia do time com nome cigano.



Capítulo VII

As cores do clube e o primeiro uniforme: O primeiro uniforme foi doado pelo time do Lava-Pés. Em uma reunião para formar o time do Lava-Pés (conhecido como PTB), houve um desacordo entre os desportistas e os possíveis dirigentes brigaram. O jovem Boli já tinha comprado as camisas para o time do Lava-Pés e como não seria mais formada a equipe, perguntou ao Tiriri se o Zíngaro já tinha confeccionado seu uniforme. Como o clube do Cerrado ainda não tinha um uniforme oficial de jogo, Boli doou as camisas para que o Zíngaro pudesse utilizar nos jogos que disputassem. A camisa era preta e branca, listrada como o uniforme do Atlético Mineiro. Como não tinha nenhum escudo ainda desenhado para representar o clube, Dalva que era esposa do Clarindo, bordou uma letra Z com linha vermelha e sobre a letra uma coroa amarela. De acordo com relatos de Vânia Magalhães Guimarães Mendonça, filha do primeiro presidente do Zíngaro, a doação do primeiro jogo de camisas com as cores preto e branco agradou ao presidente do time: “(...) Foi meu pai, Zizico Samuel, que fundou aquele time, doou o terreno, deu as camisas...enfim fez quase tudo(...) quando meu pai fundou o Zíngaro ele colocou as cores preto e branco por causa do Vasco, que era o time dele. Depois, quando o Antonio Régis foi presidente do Zíngaro, ele mudou a cor do time para branco e laranja(ou uma variação de vermelho), só porque ele torce para o Cruzeiro e não queria as cores do Galo no time...eu até discuti com ele por causa disto (...)achei bobagem trocar, tantos times tem igual e são as mais bonitas mesmo!”. Portanto, o clube adotou as cores preto, branco, vermelho e amarelo como oficiais do time, que desde então, tornou-se o quadricolor bambuiense. Tiriri tinha o jogo de camisas para distribuir ao time, mas, ainda faltavam os calções e meiões para completar o uniforme. Ele então fez uma rifa de um relógio que tinha imenso apreço e comprou o restante do uniforme com o dinheiro arrecadado desta maneira. O primeiro uniforme do Zíngaro foi estreado em um jogo contra a Seleção de Bambuí.



Capítulo VIII

Aquisição do Terreno para Sede do Zíngaro: Todo grande clube merece ter sua casa e fazer seus adversários tremer em seus domínios. Naquele tempo existiam alguns campinhos de terra batida pequenos espalhados por Bambuí, inclusive o Campo da AEB, que não era estruturado da forma como conhecemos hoje. O terreno central que hoje se localiza o Estádio SinfrônioTôrres foi doado pela Prefeitura Municipal de Bambuí à AEB em 05 de maio de 1955. A Diretoria do Zíngaro queria ter seu campo e ser respeitado e temido em seus domínios pelos adversários. Portanto, no dia 15 de maio de 1956, o presidente do Zíngaro, João Bahia Guimarães (também conhecido como Zizico Samuel) juntamente com o membro do Conselho Consultivo, Clarindo Otaviano Dias adquiriram um terreno com o objetivo de construir a sede do clube e um campo de futebol naquela região do Bairro Cerrado. Há relatos de que o Clarindo tenha dado uma mula em troca do terreno, posteriormente, houve algumas brigas judiciais para retomada do terreno em razão da negociação feita a época, mas não teve jeito. O mesmo continuou sendo de posse do Clarindo. Vânia Magalhães Guimarães Mendonça relata que: “(...) Ele(Zizico Samuel) fez doação de um terreno que tinha no Cerrado para campo de futebol e ficou faltando uma faixa de terreno, então ele pediu ao dono do outro terreno que confrontava com o dele, apenas um pedaço para erguer a arquibancada...o dono era o Clarindo Dias e ele não queria doar de forma alguma...foi com muita dificuldade que ele cedeu esta faixa de terra (...)”. O Jornal “Folha de Bambuí”, que era um conceituado veículo de comunicação da época que circulava no município destacou em suas páginas o feito da diretoria do clube do Cerrado: “(...) A nota de sensação na vida esportiva da cidade é a aquisição, por parte do bi-campeão, Zíngaro A. Clube, de um terreno para construção, de um terreno para construção de seu estádio, situado próximo a Rua Pe. Domingos, no bairro Serrado. Segundo conseguimos apurar, todas as providências já foram tomadas, no sentido de ser dado imediato início às obras de terraplenagem, bem como todos os planos já foram traçados para a construção do estádio que terá uma área aproximada de 1400 metros quadrados”. Detalhe que naquele ano, o Zíngaro já era tricampeão municipal (1953-1954-1955), mas por descuido do jornal da época ou mesmo pelo fato de não considerar o primeiro torneio disputado entre três times no ano de 1953, onde jogaram com nome de Cerradinho, foi apontado pelo veículo de comunicação como bicampeão.
Capítulo IX

O Estádio do Zíngaro – Parte I: Após a regularização da documentação de aquisição do terreno, a população do bairro Cerrado empolgada com a criação desse espaço esportivo, foi fundamental na construção do campo e posteriormente da estrutura mínima para ser designado como “Estádio de Futebol”. Naquela época eram realizados verdadeiros multirões com a finalidade de melhorar as condições locais para o desenvolvimento do futebol pelos jogadores que representavam o bairro em torneios da cidade, atuando no time considerado como principal, bem como para o início do desenvolvimento das categorias de base, que viriam a beneficiar as crianças não somente do Cerrado, mas de toda a cidade. O Jornal Gazeta de Bambuí, número 34, datado de outubro de 1979 destaca a importância da população do Cerrado que se uniu na construção do alambrado: “(...) É impressionanteo espírito de união do povo daquele bairro. Este povo, que tem à frente o dinâmico Antônio José Vieira – (Juquinha “Tiriri”), conseguiu realizar uma verdadeira façanha. Constituem-se prova dessa proeza as realizações apresentadas atualmente no campo do Cerrado, com tudo feito dentro dos limites mínimos estipulados pela lei do futebol, dentro em breve será inaugurado a conclusão do alambrado do estádio. Comenta-se já a recente construção de um moderno vestiário e de uma quadra



Capítulo X

O Estádio do Zíngaro – Parte II: A Revista dos Municípios, edição número dois, de 1956 apresentava um informe sobre a construção do campo próprio que o time bambuiense teria em breve, naquele ano. O Zíngaro Atlético Clube teve a escritura definitiva do terreno do campo de futebol apenas no final dos anos 80, durante o mandato de presidente de Antônio José Vieira (Tiriri) quando o Clarindo e o Zizico Samuel doaram a escritura para o clube. Desde então, o Estádio veio a ser nomeado como Alonso Dias Filho, em homenagem ao pai do Clarindo. Daí pra frente, aquele campo de chão batido e com gol de madeira se desenvolveu a passos largos, tendo sido gramado, murado, com a construção de alambrado, a ampliação e melhoria das arquibancadas, construção de vestiários, bar e posteriormente com a implantação da iluminação.

A área do gramado é de aproximadamente 6500 m², sendo apenas 200 m² menor em relação ao campo do Estádio SinfrônioTôrres, sede da Associação Esportiva Bambuiense (AEB). Ao lado do campo, ainda existe uma quadra poliesportiva que na época foi construída para utilização nas modalidades de futebol de salão (Futsal), handebol, basquetebol e vôlei. Atualmente, a quadra encontra-se com estrutura um pouco degradada, sendo necessário sua reforma para que volte a cumprir seu papel poliesportivo. Mesmo nas condições que se encontra, ainda segue sendo utilizada pelas crianças e jovens do bairro, que praticam aquelas peladinhas gostosas de final de tarde.




Capítulo XI

Excursão em Araxá-MG: O aniversário de um ano de fundação do Zíngaro foi comemorado com uma excursão que saiu em 10 de julho de 1956 para a cidade de Araxá, no Triângulo Mineiro, onde seria realizada uma partida contra o Ferrocarril Futebol Clube. No entanto, a viagem fora de certa maneira frustrante para os bambuienses. A equipe comandada por Geraldo Campos, um dos grandes nomes da AEB naquela época, saiu de noite do município de Bambuí rumo a Araxá, chegando ao destino pela manhã do dia seguinte. O Zíngaro sofreu uma dolorosa derrota pelo placar elástico de 6 a 1. Em reportagem publicada em julho de 1956, por César Campos, na edição número dois da Revista dos Municípios ficou registrado esse momento com o seguinte relato: “(...) Não puderam os pupilos de Geraldo Campos apresentar ao público esportivo araxaense, com oera desejo dos dirigentes do Zíngaro, uma partida à altura por motivo de cansaço dos atletas, que saíram de Bambuí na véspera do jogo, às 20 horas, chegando a Araxá às 5 horas da manhã e, mais ainda, num gramado completamente novo. Mesmo assim revelou a sua fibra, em cancha estranha, nessa sua primeira excursão, e mais por encontrar um adversário profissional “Coquinho”, que atualmente está atuando no Comercial E. Clube, de São Paulo, e mais valores do Ypiranga, do Operário e do Naja, quadros estes de Araxá. O escore foi favorável ao “escretch” da cidade visitada pelo placard de 6 a 1.




Capítulo XII

Crianças Mascotes do time: Na ata de fundação, de 10 de julho de 1955, há um registro que diz: “(...) sendo ainda aprovado os mascotes, Elo Sandro Marques, Cláudio Rosário Mourão e Pedro Luiz Dias (...)”. Pelo contexto, tudo indica que Elo, Cláudio e Pedro foram às crianças aprovadas na época para representarem o time como mascotes. Posteriormente, outras crianças entraram como representantes do time.A palavra mascote indica um animal, pessoa ou objeto que é escolhido para representar uma determinada marca ou instituição. No caso dos times de futebol, geralmente existe um mascote animado que representa o time, mas as crianças que entram em campo com os jogadores de mãos dadas, também são denominadas dessa maneira. Vânia Magalhães Guimarães Mendonça relata que: “(...) O Zíngaro tinha uma cabrita preta e branca de mascote! (risos)... eu ia muito com meu pai aos jogos e lembro bem (...)”, ela ainda confirma que existia um “time mascote” formado por crianças no qual dois irmãos dela faziam parte.


Capítulo XIII

Mascote do Zíngaro A.C.: A mascote oficial do time é o “Lobo do Cerrado”, que surgiu em função da torcida adversária que sempre gritava as expressões “AôhLobaiada...” ou mesmo “Cambada de Lobos” para implicar os jogadores do Zíngaro, que sempre foi um time com perfil de jogar com raça e com o coração na ponta da chuteira. De acordo com Robson Xavier: “(...) O Zíngaro é um clube diferente porque é único, não existe outro; tem quatro cores: vermelho, branco, amarelo e preto e tem como mascote o Lobo e quem grita o nome da mascote são os adversários (...)”. Talvez, tenha surgido a expressão “Lobos” de maneira pejorativa, mas os adversários se enganaram, pois, não haveria melhor animal para representar um time vencedor como o quadricolor bambuiense. O Lobo é considerado um animal ágil, inteligente e forte. Além disso, os lobos conseguem se adaptar para sobreviver em condições adversas e tem grande sucesso em suas caçadas realizadas habitualmente em grupo. Alguma similaridade com futebol, nesse aspecto? Bom, o certo é que a caçada do Zíngaro em busca das taças sempre foi mérito do trabalho em equipe, onde a força, a coragem e a determinação de cada jogador dentro de campo, somadas fazem sempre a diferença.

O certo é que a torcida quadricolor abraçou o animal da fauna da Serra da Canastra como seu representante dentro do gramado. Antigamente, quem passava em frente ao Estádio Alonso Dias, na Rua Coronel José do Egito, via o desenho do Lobo com seu chapéu vermelho, ao lado esquerdo do portão de entrada grande com os dizeres “Toca do Lobo” e do outro lado do portão escrito “Zíngaro Atlético Clube”. Lembro-me de passar em frente ao Estádio, com meu pai e minha mãe, quando era criança, para visitar minha avó materna, Dona Izauri Rodrigues ou minha querida Tia Divina Rodrigues, que moravam no Bairro Cerrado e sempre pedia meu pai para passar com o carro em frente ao campo do Zíngaro para que eu pudesse ver o desenho do Lobo. Achava muito legal e me identificava com aquela mascote!

Os fundos do Estádio naquela época, em que era criança, não era murado e a rua que minha Tia Divina morava era a Rua João Manuel Amaro, que era sem saída. A rua terminava em uma área de pastagem que dava no campo de futebol. Não foram raras as vezes, em que passei com meus primos no pasto atrás da casa da minha tia, para ver o povo jogando bola no campo do Zíngaro. Naquela época eu não entendia muito de futebol, mas já achava legal todo aquele movimento naquelas tardes de domingo. Há um ditado que diz que “(...) Ou você é do Zíngaro ou é contra o Zíngaro (...)”, não existe meio termo, é mesmo como escolher entre Atlético ou Cruzeiro, por isso, o clube adotou o slogan “O mais querido e o mais perseguido”, pois, quem gosta do Zíngaro é fanático e quem não gosta “pega no pé” e torce contra mesmo.



Continua...Não percam as próximas publicações!


**Os capítulos da história do Zíngaro Atlético Clube disponíveis nessa página foram publicados impressos no Jornal Cotidiano, veículo de comunicação que é distribuído gratuitamente em mais de cinquenta cidades brasileiras. Todos os direitos autorais são reservados, solicitamos por gentileza, citar a fonte ao utilizar esse material.


***Colabore com o resgate da história desse time de futebol bambuiense. Se você fez parte da história desse clube como jogador, dirigente, técnico ou mesmo torcedor apaixonado de arquibancada, entre em contato pelo josimarodrigues@yahoo.com.br e encaminhe fotografias, recortes de jornais antigos, depoimentos, áudios ou agende uma entrevista conosco.

CONTATO

Entre em contato conosco pelo e-mail - josimarodrigues@yahoo.com.br